'Por ano, 5 mi de pessoas morrem por doenças relacionadas ao cigarro' aponta pneumologista


Dourados News

Pneumologista alerta quanto a riscos do cigarro para fumantes e fumantes passivos- Foto: Divulgação

A entrevista desta semana traz uma entrevista com o pneumologista Luiz Fernando Azambuja, chefe da Unidade do Sistema Respiratório do Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD). O assunto é o tabagismo e ele fala da preocupação com o aumento contínuo no número de fumantes.

A data de 31 de maio marca o "dia mundial sem tabaco" com o tema: "Tabaco: uma ameaça ao desenvolvimento".

O tabagismo custa à economia global mais de US$ 1 trilhão por ano, em gastos com saúde e perda de produtividade, e matará cerca de 8 milhões anualmente até 2030, conforme dados da (OMS) Organização Mundial da Saúde e do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos. O total corresponde a um terço a mais de pessoas do que agora.

Ainda conforme a Organização, a epidemia de tabagismo continua sendo a maior ameaça à saúde pública que o mundo já enfrentou. Os produtos de tabaco são altamente letais, pois matam dois em cada três de seus consumidores e afetam também a saúde de pessoas que não fumam mas são obrigadas a inalar a fumaça de produtos de tabaco de terceiros (fumantes passivos).

O custo citado quanto à economia global supera amplamente as receitas globais com os impostos sobre o fumo, que a OMS estimou em cerca de US$ 269 bilhões em 2013-2014. "O número de mortes relacionadas ao tabaco deverá aumentar de cerca de 6 milhões de mortes para cerca de 8 milhões anualmente até 2030, sendo que mais de 80% delas vão ocorrer em países de baixa e média renda", diz o estudo. A perda de produtividade e o tratamento de doenças tabaco-relacionadas, altamente incapacitantes e fatais, geram enormes prejuízos para as nações.

No Brasil, estudo sobre impacto econômico do tabagismo no SUS, revelou que em 2011 foram gastos R$ 23 bilhões com o tratamento de algumas das mais de 50 doenças tabaco-relacionadas. De outro lado, a arrecadação com impostos sobre cigarros (produto de tabaco mais consumido) recolhidos naquele ano foi da ordem de R$ 6 bilhões. Mas o custo do tabagismo no Brasil, avaliado pela pesquisa, ainda está subestimado: não incluiu o custo gerado pelo absenteísmo, perda de produtividade, despesas das famílias dentre outros gastos indiretos relacionados ao tabaco. O pneumologista Luiz Fernando Azambuja comenta os dados da OMS e faz um alerta: "Parar de fumar é uma das medidas mais importantes de proteção à saúde".

Confira a entrevista completa, realizada pela Unidade de Comunicação Social do HU-UFGD:

Estudo recente da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostra que, embora a prevalência de tabagismo esteja caindo entre a população global, o número total de fumantes em todo o mundo está aumentando. O número de pessoas com doenças relacionadas ao hábito de fumar também está aumentando?

L.F.A- Isto ocorre pois o número total de fumante aumentou. Atualmente, a cada ano, 5 milhões de pessoas morrem por doenças relacionadas ao cigarro, cerca de 6 mortes a cada segundo. Se não houver mudanças, em 2025, esse número passará de 10 milhões.

Atualmente, quais os principais problemas de saúde relacionados ao consumo do tabaco?L.F.A-

A fumaça do tabaco contém quase 5 mil toxinas que podem causar, com o tempo, mais de 50 diferentes doenças, como aquelas estampadas nas imagens dos maços de cigarros. Segundo a Organização Mundial de Saúde, o tabagismo é a principal causa de morte evitável em todo o mundo, sendo responsável por 63% dos óbitos relacionados às doenças crônicas não transmissíveis. Entre essas, o tabagismo é responsável por 85% das mortes por doença pulmonar crônica (bronquite e enfisema), 30% por diversos tipos de câncer (pulmão, boca, laringe, faringe, esôfago, pâncreas, rim, bexiga, colo de útero, estômago e fígado), 25% por doença coronariana (angina e infarto) e 25% por doenças cerebrovasculares (Acidente Vascular Cerebral). Além de estar associado às doenças crônicas não transmissíveis, o tabagismo também é um fator importante de risco para o desenvolvimento de outras doenças, tais como tuberculose, infecções respiratórias, úlcera gastrintestinal, impotência sexual, infertilidade em mulheres e homens, osteoporose, catarata, e outras.

É possível afirmar que mudou o perfil do fumante nos últimos anos?

L.F.A- Nos dias atuais, há um aumento percentual do número de fumantes em países em desenvolvimento (como China e Índia). O consumo de cigarros está aumentando entre as mulheres e houve leve queda na prevalência entre os homens, principalmente nas classes sociais mais favorecidas.

Quais as orientações para quem quer deixar de fumar?

L.F.A- Assim como em qualquer doença crônica – e o tabagismo é classificado como uma doença crônica pela Organização Mundial da Saúde –, é muito importante procurar ajuda médica o mais cedo possível, para prevenir a ocorrência das doenças relacionadas ao tabaco. Parar de fumar é bom em qualquer época e idade, pois sempre haverá benefícios na qualidade e na quantidade de anos vividos pela pessoa fumante. E é importante lembrar que com ajuda médica a pessoa se sentirá mais segura e confiante no êxito da tentativa.

E para quem não pretende abandonar o consumo do tabaco, qual o alerta?

L.F.A- É importante ter consciência de que a cessação, o parar de fumar, é uma das medidas mais importantes de proteção à saúde. A pessoa que é tabagista precisa ter consciência inclusive sobre os malefícios do fumo passivo. Ou seja, o fumante precisa saber que, além de prejudicar a si próprio, causa danos também à saúde de quem está à sua volta e acaba por inalar a fumaça, tornando-se, sem querer, um fumante passivo.


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