VÍDEO: Servidora estadual nomeada denuncia superior por assédio sexual

Segundo ela, nomeado de segundo escalão teria pedido fotos intimas


Midiamax

Nilmara Caramalac, repórter nomeada na TV Educativa, em Campo Grande, denunciou Nelson Cintra Ribeiro, diretor-presidente Fundtur (Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul), instituição do governo estadual, por crime de assédio sexual. O caso já circula há alguns dias nas redes sociais, mas somente nesta terça-feira (19) ela compareceu à polícia e oficializou a denúncia na Casa da Mulher Brasileira.

Pedido de fotografia da repórter nua, por rede social, e convite para segui-lo até um quarto de hotel teriam sido os meios investidos por Cintra no suposto crime de caráter sexual. A reportagem do Jornal Midiamax solicitou à servidora os prints das conversas e ela informou que só vai apresentá-los no momento "adequado" das investigações.

De acordo com Nilmara, por ter recusado as "indecorosas propostas", Cintra, também ex-prefeito de Porto Murtinho, exigiu da chefia dela que a demitisse. Ela continua contratada, mas diz que se afastou do emprego após o caso.

O episódio ocorreu durante produção de reportagem sobre a vinda da tocha olímpica ao Estado, cerca de 20 dias atrás. Como o material jornalístico era feito a pedido do ex-prefeito, ele agia numa posição hierárquica superior à de Nilmara, que estava a serviço da TVE, também estatal feito a Fundtur. Nilmara e sua equipe produzia matérias especiais sobre os pontos turísticos do Estado, em Bonito, por exemplo.

A DENÚNCIA

A repórter disse que prestou depoimento a convite da Subsecretaria de Políticas Públicas para Mulheres, órgão que pediu para chamá-la. A convocação foi feita por telefone. Antes disso, ela afirmou ter protocolado a denúncia no Ministério Público Estadual e ainda no Ministério Público Federal, em Campo Grande. A subsecretaria de políticas públicas da mulher soube do caso do suposto assédio, segundo a repórter, por meio das redes sociais, daí chamou a reporter. O episódio foi exibido e comentado em blogs e facebook.

Nilmara, jornalista há quase duas décadas, contou que não foi primeiro à Polícia Civil registrar a queixa por receio de a investigação sofrer influência por condição hierárquica. Para ela, o fato de o diretor-presidente da Fundtur exercer função superior a sua, a denúncia poderia ser enfraquecida. 

Nilmara trabalha na TVE há seis meses. Ela foi contratada por meio de nomeação, ou seja indicação sem concurso. Antes, chefiava a TV da Assembleia Legislativa, também por indicação de políticos.

Nilmara foi à delegacia, que fica no mesmo prédio da Casa da Mulher Brasileira, situada no Jardim Imá, com o pai Cícero Simões e um parente, Wellington Corlet, bacharel em Direito.

No depoimento que prestou à delegada Ariene Nazareth Murad de Souza Cury, chefe da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, que durou em torno de duas horas e meia – entre 12h e 14h30 – ontem, terça-feira (19), a repórter pediu que, durante a investigação policial, seja quebrado o sigilo de seu telefone celular e do aparelho de Cintra, pois ali estariam gravados diálogos e troca de mensagens que comprovariam a denúncia do assédio.

A repórter disse que em Dourados, cerca de 20 dias atrás, depois produzir material sobre a cidade, visitada pela tocha olímpica, à noite, ela foi ao Kikão, tradicional restaurante de lá, onde jantou com dois colegas de trabalho, uma servidora municipal e o diretor da Fundtur, Nelson Cintra.

Antes de sair da mesa, Cintra teria sussurrado em seu ouvido: “espero em meu quarto”. A equipe se hospedou num mesmo hotel.

Ainda segundo a repórter, ela foi para o hotel e seguiu direto para o apartamento, onde concluiu a reportagem que havia feito durante o dia. Na manhã seguinte, durante o café, sentiu logo que o diretor da Fundtur passou a destratar ela e a equipe, um cinegrafista, um motorista e um fotógrafo.

“Você furou comigo”, teria dito Cintra à repórter.

Antes do convite do hotel, o ex-prefeito, segundo Nilmara, por WhatsApp, pediu que mandasse a ele uma "fotografia em que estivesse nua". A repórter rejeitou a ideia, mas depois, por "temer futuras retaliações", enviou ao diretor-presidente uma foto sua em que aparece de maiô, imagem já publicada, ou seja, poderia ser vista por amigos e amigas que acessassem seu perfil no facebook. 

Ela quer que a polícia tenha acesso aos diálogos em questão por meio da quebra do sigilo telefônico. 


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