DEUS É INEFÁVEL, por Carlos Augusto de Souza


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                                             DEUS É INEFÁVEL!...
                                    
 
                          Com certeza, foge da compreensão limitada e objetiva do homem compreender, saber, dizer, traduzir o que é ou quem é Deus. Qualquer forma de expressão ou descrição que possa alguém apresentar, por mais profunda que possa ser ou parecer, será alvo de críticas e contestações movidas pela multiplicidade de visões de mundo religiosa, filosófica e ou mística diferentes ou até opostas à linha de pensamento do apresentador ou, ainda e simplesmente, pela suposta “sabedoria” popular que quase sempre se confunde com os usos, costumes e tradições que podem esconder o medo, a superstição e a ignorância. Assim, a concepção de Deus está pautada nas diversificações culturais e espirituais da humanidade.
                      Mas difícil ainda, é ver DEUS em alguma forma de ser. Pois, pouco se sabe sobre o Ser. Em nossa limitada compreensão, não temos a sabedoria suficiente para conceber DEUS em alguma forma, porque estamos limitados pelos cinco sentidos objetivos. Então como conceber DEUS? Como saber a Sua forma? Como podemos vê-Lo? Senti-Lo?...

Ao longo dos tempos, as tradições religiosas e espirituais conduziram os adeptos e a própria humanidade com ensinamentos baseados em manuscritos escritos ou transcritos por profetas ou homens “iluminados” por Deus, conforme relatos das diferentes religiões e tradições que existem em nosso planeta. Esses ensinamentos nos foram transmitidos como verdades irrefutáveis sobre Deus e suas leis. Então, e no decorrer do tempo, restava ao seguidor religioso ou espiritual, aceitar e seguir o que lhe fora ensinado.
Muitas verdades também fugiram e se perderam da realidade no decorrer do tempo. E muitos desses ensinamentos, atualmente, não condizem com a evolução mental, científica e espiritual do homem.
 As religiões, muito mais do que as tradições esotéricas, se manifestaram diante da humanidade no decorrer dos tempos. E tornaram-se a força motora de maior proporção na busca da religação do homem a Deus. Esse fato ocorreu porque no passado, as religiões se encontravam “atreladas” aos seus respectivos sistemas de governo e à política de então. É triste constatar, em alguns casos, que essa realidade perdura nos dias de hoje.
De qualquer forma, do que foi apresentado pelas religiões e do que as tradições esotéricas puderam nos apresentar, de uma maneira geral, podemos intuir Deus como a ideia de um Ser Supremo, Infinito, Onisciente, Justo e Perfeito, Grande Arquiteto do Universo e causa primária de todas as coisas.
Uma breve apresentação sobre o tema nas religiões mais populares no ocidente -Judaísmo, Cristianismo e Islamismo – contribuirá para o entendimento do presente texto.
O judaísmo tem como princípio absoluto a crença na unicidade de Deus (YHWH), como criador, onipotente, onisciente e onipresente, que influencia todo o universo. Mas, não pode ser limitado de forma alguma.
A crença no monoteísmo na profissão de fé judaica é conhecida como Shema. Portanto, qualquer tentativa de politeísmo é duramente rechaçada pelo judaísmo. Bem com, é proibido seguir ou oferecer prece a outro que não seja a Deus (YHWH).

                                    
O judaísmo pós exílio assumiu e compreensão da existência de uma corte espiritual, na qual Deus seria uma espécie de rei, que controlava seres para a execução de sua vontade (Anjos). Esta visão era aceita pelos fariseus e passada ao posterior judaísmo rabínico, no entanto, foi desprezada pelos saduceus.


                               
Conforme ensinamentos judaicos cristãos tradicionais, antigamente o Nome que O chamavam, escrito em hebraico eraיהוה (o Tetragrama YHVH)

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No “decorrer dos tempos deixaram de seu nome direto e se referiam a Deus por meios de adjetivos como “O SUPREMO”, “O CRIADOR”, “O SUPREMO”, ETC. Na cultura cristã, a transcrição referente ao Tetragrama foi substituída pela palavra SENHOR; e na cultura judaica, por Adonay. Isto decorreu pela impronunciabilidade do Nome de Deus no Tetragrama (YHVH).
Deus no cristianismo é o ser divino que criou e governa o mundo. Ele se manifesta na Trindade; Pai, Filho e Espírito.
                                       
Os cristãos em sua maioria acreditam que Deus é espírito, incriado, onipotente, eterno, criador e sustentador das coisas da terra e o universo. E busca o resgate da humanidade através de seu filho Jesus Cristo.

A doutrina da Trindade ou Santíssima Trindade se descreve como uma única substancia divina existente como três pessoas distintas e inseparáveis: o Pai (Deus), o Filho (Jesus Cristo) e o Espírito Santo.
 
A compreensão da natureza Divina sofre variações de acordo com as denominações cristãs. Entre as quais: Catolicismo, ortodoxia, anglicanismo e protestantismo.
No cristianismo Deus é chamado de Pai por ser o criador, sustentador de toda a criação e provedor de seus filhos. E também, por uma eterna relação com seu filho unigênito Jesus Cristo.                                       
Deus é um Ser Uno, mas, simultaneamente Trino, constituído por três elementos indivisíveis: o Pai, o Filho. O Espírito Santo que estabelecem entre si uma comunhão perfeita de amor. Para os cristãos, esse dogma central não viola o monoteísmo. Esses três elementos eternos apesar de possuírem a mesma natureza, são realmente distintas, pelas relações que as referenciam umas das outras: o Pai gera o Filho, o Filho é gerado pelo Pai, o Espírito Santo procede do Pai e do Filho; porém todos sempre existiram, não existindo assim uma hierarquia entre os três.
O Credo Niceno-Constantinopolitano faz a seguinte referencia a Deus ai:
Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso,
Criador do Céu e da Terra,
De todas as coisas visíveis e invisíveis.
 
Já para os muçulmanos, o Alcorão ou Corão é a palavra de Deus, sagrada e imutável. Ele discute Deus e os seus nomes e atributos. Descreve as origens do Universo, o homem e as suas relações entre si e o Criador. Define leis para a sociedade, moralidade, economia, etc., e fornece respostas das necessidades humanas diárias, tanto espirituais com materiais. Os muçulmanos consideram o Alcorão sagrado e inviolável.
                                                             
 Na fé islâmica Deus é considerado único sem igual. Cada capítulo do Alcorão (com exceção de um) começa com a frase “em nome de Deus, o beneficente, o misericordioso”. Uma das passagens do Alcorão frequentemente usadas pala ilustrar os atributos de Deus é a que encontra no capítulo (sura) 59:
“Ele é Deus e não há outro deus senão Ele, que conhece o invisível e o visível”.“Ele é o Clemente, o Misericordioso!”
“Ele é Deus e não há outro deus senão Ele. Ele é o Soberano, o Santo, a Paz, o Fiel, o Vigilante, o Poderoso, o Forte, o Grande! Que Deus seja louvado acima dos que os homens lhe associam!”
“Ele é Deus, o Criador, o Inovador, o Formador! Para ele os epítetos mais belos" (59, 22-24).

 

 

As tradições esotéricas, as religiões islâmicas, judaicas e cristãs nos dizem que as principais características deste Deus Supremo seriam a Onipresença, o poder de estar presente em todo lugar; a Onisciência, o poder de saber tudo; a Onipotência, o poder absoluto sobre todas as coisas.
 A evolução humana atualmente está muita mais baseada em sua compreensão científica das coisas do que na sabedoria tradicional e cultural dos diversos povos que compõem a humanidade. Isto ocorre porque a sabedoria tradicional sofreu, com o passar dos tempos, modificações culturais, políticas e sociais. E, pior de tudo, em muitas das vezes, os conhecimentos foram corrompidos, por interesses mesquinhos de uma pequena parte de um povo, geralmente, por suas lideranças.
Com a globalização e a eclosão da mídia e conjuntamente das redes sociais, com o amplo conhecimento de todos os tipos de culturas, verdadeiros ou falsos, à disposição instantânea dos internautas, criou-se uma gama de pensamentos duvidosos em relação aos ensinamentos tradicionais, esotéricos e religiosos que acompanha a humanidade em sua caminhada ao longo do tempo. Sem contar também, que devido a isso, muitas mentiras, credos e superstições de várias linhas de pensamentos religiosos foram desmascarados e caíram por terra. E com certeza, criaram um ânimo de descrédito e até cético nos ensinamentos religiosos e de sabedorias tradicionais.
Mesmo levando em conta essa grande parte da humanidade que vive às margens da espiritualidade, e outros que vivem fanaticamente uma falsa verdade espiritual, existem sérios buscadores, que buscam a religação ou reencontro com Deus, Alah, Jeová, Adonay, o Grande Arquiteto do Universo, etc. de acordo com a compreensão de cada um.
Então, podemos concluir que muito mais do que buscar uma definição de DEUS, devemos buscar uma compreensão maior das leis Divinas que regem a natureza, o universo e a espiritualidade, pois, somente buscando a compreensão das leis Divinas e suas manifestações, é possível aprender algo da natureza Divina.
Devido à complexidade do tema, torna-se necessário por parte do buscador, certo preparo e desapego temporário dos antigos dogmas e credos; e, principalmente, uma abertura mental e espiritual para novos conhecimentos. E, assim, gradativamente, de acordo com o ritmo do buscador, alcançar a compreensão e definição própria de Deus.
Somente quem consegue transcender a compreensão humana sobre o Inefável pode encontrar a forma mais correta e profunda dessa busca. O que temos de levar em conta, é que apesar de o buscador ter algum conhecimento do Assunto, ele deve fazer essa busca “dentro de si”. A fórmula pode ser coração e a razão, ou vice versa. Dependendo exclusivamente do buscador.
Então, neste caminho, fé e razão ou razão e fé são as ferramentas de buscas mais eficazes dentro de nós. Muitos buscadores fazem uma colocação separatista entre as duas formas, dizendo que a primeira fé e razão estariam agregadas ao dogma “acredito, logo compreendo” e a outra, ao “compreendo, logo creio”. Particularmente, não vejo dessa maneira. Acredito sim que as duas ferramentas estão entrelaçadas fortemente e são as fontes principais para se iniciar uma verdadeira busca para tornar possível o reencontro com o Criador ou Emanador.
Agregando á busca interior, temos outra ferramenta que considero ser indispensável, o “livro da Natureza”. Ele se encontra à nossa disposição. É só perceber e buscar.
 
الله الذي يسكن في داخلي يحيي الله الذي يسكن فيكم

אלוהים ששוכן בי מברך את אלוהים ששוכן בך

Deus enim qui habitat in vobis: qui manet in me, Deus salutat

“O DEUS que habita em mim saúda o DEUS que habita em ti”

 
CARLOS AUGUSTO DE SOUZA

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