Entrevista Wilson Biasotto: 'O PT virou uma ‘grande luta’ entre irmãos'


Dourados News

O professor aposentado Wilson Valentim Biasotto lança hoje a sua quinta obra, "Crônicas: Educação, Cultura e Sociedade" -Fotos: Eduarda Rosa

Dourados News  começa a partir desta quinta-feira (10), o quadro entrevista. Toda semana, uma pessoa passará pelos questionamentos de nossos repórteres para conversar sobre diversos assuntos.

Neste primeiro relato, o professor aposentado Wilson Valentim Biasotto, que lança hoje, às 17h30 na Livraria do Escritor, na rua Toshinobu Katayama, em frente ao Hospital da Vida, a sua quinta obra, "Crônicas: Educação, Cultura e Sociedade", conta um pouco sobre o trabalho como escritor, política, atual administração e também o motivo, na sua opinião, do Projeto Cidade Educadora não ter continuidade.

Durante a conversa, Biasotto mostra ainda a preocupação com o seu partido, o PT, em Dourados e no Brasil e também revela o porquê não ter mais pretensões em disputar cargos público.

“Eu sofri muito por causa dessas subdivisões quando fui candidato, se eu tivesse recebido um apoiomaior, tanto em âmbito municipal, quanto estadual, poderia ter tido uma votação mais expressiva”.

Confira a entrevista de Maryuska Pavão:

Dourados News - Conte um pouco sobre o novo livro...

Wilson Biasotto - Bem, durante os anos me habituei a escrever várias coisas e temas em forma de crônica, e no passar do tempo fui guardando, até que vi que a quantia que tinha, dava para fazer uma seleção. Elaborei dois livros, sendo o primeiro “Crônicas – neoliberalismo globalização e política” que já foi lançado, o segundo é esse que vamos lançar (hoje 10), com o título “Crônicas – educação, cultura e sociedade”, que retrata situações ocorridas em Dourados e também algumas testemunhadas por mim em outras localidades e há ainda o terceiro, que vai se chamar “Crônicas: 2010, o ano que não terminou para Dourados”, esse que vai retratar a situação política e o escândalo que aconteceu na cidade.

DN - Como se inspirou neste trabalho?

WB - Sempre gostei muito de crônicas, desde minha época de acadêmico, e uma das minhas inspirações é o cronista português Fernão Lopez, ele possui crônicas maravilhosas.

DN - É a sua quinta obra publicada, qual delas você mais gosta?

WB - Bem a primeira obra foi sobre o “Movimento Reivindicatório do Magistério Público Estadual de Mato Grosso do Sul, em 1978 – 1988”, foi uma obra interessante, pois conta a história do magistério no Estado. A segunda foi lançado em 1998, chamado de “Até aqui o Laquicho vai bem: os causos de Liberato Leite de Farias”, eu diria que este é o meu Best-seller, e ele conta histórias humoradas do Laquicho junto com a história de Dourados. O terceiro chamado “Edificando a nossa cidade educadora” (2006), apresenta o projeto feito para a implantação da cidade educadora em Dourados. O quarto livro foi o “Crônicas – neoliberalismo globalização e política” em 2011.

DN - Então o segundo seria o seu preferido?

WB - São todos filhos, é difícil escolher, mas acredito que pelo segundo ser uma história, e ter um fundo cultural eu me identifico bastante. Mas falo que todos são como os dedos, diferentes, mas fundamentais... (risos).

DN - Sobre o Projeto Cidade Educadora, bastante ‘trabalhado’ na gestão Laerte Tetila em que você fez parte, como anda?

WB - Essa semana eu entrei no site da Associação Internacional das Cidades Educadoras, e lá descobri que não consta mais o nome de Dourados dentro do projeto. E isso é uma pena, pois tínhamos projetos que foram divulgados no site e que o mundo todo tinha acesso e com certeza aproveitaram. É uma questão muito lamentável, porque a cidade moderna não é aquele que tem muitos semáforos, pistas enormes e velozes, transito infernal, isso não é ser educado. A cidade educadora é a cidade que valoriza o ser humano, que valoriza o espaço público como um local educativo e cultural.

 

DN – Quais seriam os motivos que fizeram com que o projeto não desse continuidade após a administração do Tetila?

WB - Entre muitas coisas, acho que a falta de vontade política para dar continuidade a um projeto que já estava pronto, seria um dos principais motivos. Dourados já estava conhecida mundialmente pelo projeto, e era exemplo, e hoje o que mais temos de destaque da cidade são as noticias ruins. E isso não é nada bom.

DN – Então a volta do projeto seria apenas uma ‘questão de querer’?

WB - Eu acho que sim, basta o administrador municipal querer, que o projeto será retomado.

DN - Falando em política, você ainda continua no PT?

WB - Sim, continuo..., mas olha vou ser muito franco, continuo no PT, muito embora, o partido aqui em Dourados, tenha sofrido demasiadamente com as subdivisões, ou seja, pequenos partidos, ou grupos, dentro do partido.

DN – Sobre essas subdivisões, como você enxerga a situação?

WB - Inicialmente eu achava que essa divisão fosse a verdadeira prática da democracia, mas com o passar dos tempos, isso acabou se transformando apenas em uma luta pelo poder tanto no Estado como em Dourados. E o poder tem que ser exercido por homens e mulheres que acreditam que possam fazer algo em prol da cidade. E o partido acabou virando uma luta entre “irmãos”, uma luta que enfraqueceu [o PT]. Isso causou fragmentação e acabou perdendo a força. Há um ditado que diz que a união faz a força e não a fragmentação, ela separa.

DN – E na sua opinião, qual a solução para voltar a ter a união entre os militantes de Dourados?

WB - Acho difícil ter uma união novamente, pois os grupos internos já se consolidaram, há diversos grupos e opiniões, mas quando necessário o PT se une, como é o caso para a eleição do ano que vem provavelmente apoiará o senador Delcídio [do Amaral] para disputar o governo.

DN - Tem intenções em voltar a concorrer para algum cargo?

WB - Eu sofri muito por causa dessas subdivisões quando fui candidato, se eu tivesse recebido um apoio maior, tanto em âmbito municipal, quanto estadual, e poderia ter tido uma votação expressiva, houve o caso do Ari Artuzi (2010), mas após um acordo acabamos apoiando o Murilo [Zauith]. Eu não tenho mais densidade eleitoral para concorrer a uma eleição, mesmo amando de paixão essa cidade. Sem demagogia, gostaria muito ter sido prefeito de Dourados, não por projeto pessoal, mas seria uma forma de eu retribuir o muito que essa cidade desde 1974 me deu, entre elas a minha família (esposa, filhos neto).

DN – Você participou da plenária que confirmou a aliança com o DEM de Murilo Zauith na época, foi a favor ou contra? Por quê?

WB - Na época eu fui a favor, a pedido do [Laerte] Tetila, inclusive na época eu escrevi um artigo divulgado nos jornais da cidade, o qual dizia que água e óleo não se misturam, e que seria impossível essa aliança dar certo, o que de fato não deu. O partido perdeu o cargo de vice-prefeito [na época ocupado por Dinaci Ranzi], da secretaria de educação, a secretaria de assistência social.

DN - Como você avalia o trabalho da atual administração?

WB - Durante oito anos o Tetila tentou organizar a casa, pois na época do Brás Melo [que antecedeu o petista], ele tive um primeiro mandato bom, mas o segundo nem tanto (1997-2000), então após isso fomos tentado arrumar as coisas, e conseguimos trazer o shopping, estivemos juntos na vinda da universidade federal [UFGD], trouxemos para Dourados diversos mecanismos para a cidade alavancar. Mas, durante os dois anos da administração do Ari Artuzi, ele que possuía uma popularidade tremenda e que poucos conseguirão ter, acabou provocando um rombo enorme e uma ruptura grandiosa, de todo esse crescimento que já estava se iniciando. Então, consequentemente o Murilo que está a frente há quase três anos, está tendo que colocar tudo em ordem, mas é importante frisar que a cidade não precisa de mais semáforos, de ruas pintadas, de congressos e feiras com mega estrutura. É preciso melhorar a saúde, que todos os dias sabemos de casos absurdos, bem como a educação, o qual os professores precisam ser valorizados, precisamos de um prefeito mais próximo do povo.

DN – Quais seus planos para o pleito de 2014?

WB - Vou apoiar o senador Delcídio, que se lançará candidato a governador do Estado, e farei isso porque acredito no trabalho dele e sei que ele fará um trabalho excepcional. E claro apoiarei a presidente Dilma [Rousseff] que tem conseguido administrar o Brasil de forma surpreendente, pois hoje o mundo vive uma crise, e mesmo assim o Brasil tem se mantido em pé. Ela é uma mulher de muito fibra e que apoiarei sem duvida nenhuma.


COMENTÁRIOS