O Dourados News
Durante a conversa, Biasotto mostra ainda a preocupação com o seu partido, o PT, em Dourados e no Brasil e também revela o porquê não ter mais pretensões em disputar cargos público.
Confira a entrevista de Maryuska Pavão:
Dourados News - Conte um pouco sobre o novo livro...
Wilson Biasotto - Bem, durante os anos me habituei a escrever várias coisas e temas em forma de crônica, e no passar do tempo fui guardando, até que vi que a quantia que tinha, dava para fazer uma seleção. Elaborei dois livros, sendo o primeiro “Crônicas – neoliberalismo globalização e política” que já foi lançado, o segundo é esse que vamos lançar (hoje 10), com o título “Crônicas – educação, cultura e sociedade”, que retrata situações ocorridas em Dourados e também algumas testemunhadas por mim em outras localidades e há ainda o terceiro, que vai se chamar “Crônicas: 2010, o ano que não terminou para Dourados”, esse que vai retratar a situação política e o escândalo que aconteceu na cidade.
DN - Como se inspirou neste trabalho?
WB - Sempre gostei muito de crônicas, desde minha época de acadêmico, e uma das minhas inspirações é o cronista português Fernão Lopez, ele possui crônicas maravilhosas.
DN - É a sua quinta obra publicada, qual delas você mais gosta?
WB - Bem a primeira obra foi sobre o “Movimento Reivindicatório do Magistério Público Estadual de Mato Grosso do Sul, em 1978 – 1988”, foi uma obra interessante, pois conta a história do magistério no Estado. A segunda foi lançado em 1998, chamado de “Até aqui o Laquicho vai bem: os causos de Liberato Leite de Farias”, eu diria que este é o meu Best-seller, e ele conta histórias humoradas do Laquicho junto com a história de Dourados. O terceiro chamado “Edificando a nossa cidade educadora” (2006), apresenta o projeto feito para a implantação da cidade educadora em Dourados. O quarto livro foi o “Crônicas – neoliberalismo globalização e política” em 2011.
DN - Então o segundo seria o seu preferido?
WB - São todos filhos, é difícil escolher, mas acredito que pelo segundo ser uma história, e ter um fundo cultural eu me identifico bastante. Mas falo que todos são como os dedos, diferentes, mas fundamentais... (risos).
DN - Sobre o Projeto Cidade Educadora, bastante ‘trabalhado’ na gestão Laerte Tetila em que você fez parte, como anda?
WB - Essa semana eu entrei no site da Associação Internacional das Cidades Educadoras, e lá descobri que não consta mais o nome de Dourados dentro do projeto. E isso é uma pena, pois tínhamos projetos que foram divulgados no site e que o mundo todo tinha acesso e com certeza aproveitaram. É uma questão muito lamentável, porque a cidade moderna não é aquele que tem muitos semáforos, pistas enormes e velozes, transito infernal, isso não é ser educado. A cidade educadora é a cidade que valoriza o ser humano, que valoriza o espaço público como um local educativo e cultural.
DN – Quais seriam os motivos que fizeram com que o projeto não desse continuidade após a administração do Tetila?
WB - Entre muitas coisas, acho que a falta de vontade política para dar continuidade a um projeto que já estava pronto, seria um dos principais motivos. Dourados já estava conhecida mundialmente pelo projeto, e era exemplo, e hoje o que mais temos de destaque da cidade são as noticias ruins. E isso não é nada bom.
DN – Então a volta do projeto seria apenas uma ‘questão de querer’?
WB - Eu acho que sim, basta o administrador municipal querer, que o projeto será retomado.
DN - Falando em política, você ainda continua no PT?
WB - Sim, continuo..., mas olha vou ser muito franco, continuo no PT, muito embora, o partido aqui em Dourados, tenha sofrido demasiadamente com as subdivisões, ou seja, pequenos partidos, ou grupos, dentro do partido.
DN – Sobre essas subdivisões, como você enxerga a situação?
WB - Inicialmente eu achava que essa divisão fosse a verdadeira prática da democracia, mas com o passar dos tempos, isso acabou se transformando apenas em uma luta pelo poder tanto no Estado como em Dourados. E o poder tem que ser exercido por homens e mulheres que acreditam que possam fazer algo em prol da cidade. E o partido acabou virando uma luta entre “irmãos”, uma luta que enfraqueceu [o PT]. Isso causou fragmentação e acabou perdendo a força. Há um ditado que diz que a união faz a força e não a fragmentação, ela separa.
DN – E na sua opinião, qual a solução para voltar a ter a união entre os militantes de Dourados?
WB - Acho difícil ter uma união novamente, pois os grupos internos já se consolidaram, há diversos grupos e opiniões, mas quando necessário o PT se une, como é o caso para a eleição do ano que vem provavelmente apoiará o senador Delcídio [do Amaral] para disputar o governo.
DN - Tem intenções em voltar a concorrer para algum cargo?
WB - Eu sofri muito por causa dessas subdivisões quando fui candidato, se eu tivesse recebido um apoio maior, tanto em âmbito municipal, quanto estadual, e poderia ter tido uma votação expressiva, houve o caso do Ari Artuzi (2010), mas após um acordo acabamos apoiando o Murilo [Zauith]. Eu não tenho mais densidade eleitoral para concorrer a uma eleição, mesmo amando de paixão essa cidade. Sem demagogia, gostaria muito ter sido prefeito de Dourados, não por projeto pessoal, mas seria uma forma de eu retribuir o muito que essa cidade desde 1974 me deu, entre elas a minha família (esposa, filhos neto).
DN – Você participou da plenária que confirmou a aliança com o DEM de Murilo Zauith na época, foi a favor ou contra? Por quê?
WB - Na época eu fui a favor, a pedido do [Laerte] Tetila, inclusive na época eu escrevi um artigo divulgado nos jornais da cidade, o qual dizia que água e óleo não se misturam, e que seria impossível essa aliança dar certo, o que de fato não deu. O partido perdeu o cargo de vice-prefeito [na época ocupado por Dinaci Ranzi], da secretaria de educação, a secretaria de assistência social.
DN - Como você avalia o trabalho da atual administração?
WB - Durante oito anos o Tetila tentou organizar a casa, pois na época do Brás Melo [que antecedeu o petista], ele tive um primeiro mandato bom, mas o segundo nem tanto (1997-2000), então após isso fomos tentado arrumar as coisas, e conseguimos trazer o shopping, estivemos juntos na vinda da universidade federal [UFGD], trouxemos para Dourados diversos mecanismos para a cidade alavancar. Mas, durante os dois anos da administração do Ari Artuzi, ele que possuía uma popularidade tremenda e que poucos conseguirão ter, acabou provocando um rombo enorme e uma ruptura grandiosa, de todo esse crescimento que já estava se iniciando. Então, consequentemente o Murilo que está a frente há quase três anos, está tendo que colocar tudo em ordem, mas é importante frisar que a cidade não precisa de mais semáforos, de ruas pintadas, de congressos e feiras com mega estrutura. É preciso melhorar a saúde, que todos os dias sabemos de casos absurdos, bem como a educação, o qual os professores precisam ser valorizados, precisamos de um prefeito mais próximo do povo.
DN – Quais seus planos para o pleito de 2014?
WB - Vou apoiar o senador Delcídio, que se lançará candidato a governador do Estado, e farei isso porque acredito no trabalho dele e sei que ele fará um trabalho excepcional. E claro apoiarei a presidente Dilma [Rousseff] que tem conseguido administrar o Brasil de forma surpreendente, pois hoje o mundo vive uma crise, e mesmo assim o Brasil tem se mantido em pé. Ela é uma mulher de muito fibra e que apoiarei sem duvida nenhuma.