Bancada de MS contra-ataca para garantir conquistas na Sudeco

Planalto atendeu Caiado e tirou sul-mato-grossense da superintendência para indicar nome de Goiás


Por msnoticias

Marquinhos Derzi, ex-superintendente da SudecoFoto: Divulgação

Desde o dia dois deste mês a Sudeco (Superintendência e Desenvolvimento do Centro-Oeste) tem um novo titular. É o economista goiano Nelson Vieira Fraga Filho. Indicado pelo governador Ronaldo Caiado (DEM), de Goiás, ele assumiu a cadeira que estava sendo ocupada desde fevereiro de 2018, ainda no governo de Michel Temer (MDB), pelo sul-mato-grossenses Marquinhos Derzi Wazilewski. E a troca colocou em alerta a bancada guaicuru, diante das expectativas regionais abertas e sacramentadas na gestão que precedeu Vieira.

A indicação de Marquinhos Derzi a Temer foi dos deputados e senadores de Mato Grosso do Sul, que aproveitaram a insatisfação do presidente com o desempenho do superintendente do órgão na época, o ex-deputado federal Antonio Carlos de Oliveira.  A investidura de sul-mato-grossenses em duas nomeações consecutivas incomodava os goianos, especialmente o governador, para quem o governo federal deveria contemplar um dos estados ranqueados nas melhores performances da economia brasileira.

Caiado usou então do prestígio e do espaço de articulações que desfruta no Palácio do Planalto e no Congresso para convencer o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e o ministro da Integração Nacional, Gustavo Canuto, a nomear um goiano.  A mudança fez com que os representantes dos demais federados da região (Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e o Distrito Federal) se mobilizassem para defender e garantir espaços e investimentos que estavam consolidados nas gestões anteriores.

Foi com esta perspectiva que o deputado federal Beto Pereira (PSDB/MS) e o prefeito de Rio Verde, Mário Kruger (PSC), rumaram para Brasília logo nos dois primeiros dias após a posse de Nelson Vieira para audiência na sede da autarquia. Assim como outras lideranças mato-grossenses e brasilienses, Pereira e Kruger foram conhecer os planos e metas do superintendente e arrancar o compromisso de que vai conservar os projetos e projeções já estabelecidas para o Estado.

INVESTIMENTOS

Entre os investimentos estruturantes que o órgão executa em Mato Grosso do Sul estão a implantação de 500 conjuntos de sistemas de irrigação para irrigar 0,5 ha de pastagens, beneficiando produtores de leite (R$ 5,57 milhões); fomento à cadeia produtiva da erva-mate e capacitação técnica dos agricultores familiares de Antônio João, Amambaí, Aral Moreira, Dourados, Iguatemi, Laguna Carapã, Ponta Porã e Tacuru, na fronteira com o Paraguai (R$ 2,5 milhões); e um estudo de viabilidade para a implantação do Parque Tecnológico Internacional em Ponta Porã (R$ 315,7 mil).  No total, os três projeto somam R$ 8 milhões 388 mil 220,00.

 A Sudeco é a administradora do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO), cuja previsão orçamentária para Mato Grosso do Sul neste exercício é de R$ 1,6 bilhão. Metade (cerca de R$ 840 milhões) vai para o setor rural e metade para a esfera empresarial. Em 2018, o FCO Rural do Estado foi de R$ 1,7 bilhão. Entre os anos de 2017 – R$ 1.5 bilhões e 2018 – R$ 1.9 bilhões -, o setor rural foi o mais teve destaque, o crescimento foi de 29%.

É de R$ 9,2 bilhões o orçamento do Fundo para este ano, o que justifica a volúpia na articulação de Caiado e dos goianos para açambarcar o comando da Sudeco e com isso, seguramente, dar ao Estado uma condição de prioridade que, se não for bem calibrada, pode afetar os interesses das outras unidades federativas jurisdicionadas. Não por outra razão lideranças sul-mato-grossenses reclamam da lacuna que ficou aberta com a troca de superintendente. 

Os congressistas guaicurus avaliam que vinha sendo bastante produtiva e promissora a performance de Marquinhos Derzi, tanto para as metas da autarquia como para as aspirações de Mato Groso do Sul.


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