Em liberdade, depois de passar 11 dias na prisão por crime que não cometeu, Fabio Araújo dos Santos, 21 anos, diz que está aliviado, mas teme represálias. O rapaz teve a prisão decretada pela justiça, em razão do assassinato de um homem, que na verdade estava vivo. Fabio só foi solto depois que a suposta vítima apareceu na delegacia, desmistificando toda a situação.
“Estou aliviado. Pelo menos, agora todo mundo sabe que eu não matei ninguém. Meu medo é que eles inventem mais mentiras ou venham atrás de mim”, afirmou.
Apesar do alívio, o rapaz diz que tem evitado sair de casa, por medo de represálias. “Nem tanto por mim, mas pela minha mãe também. Não sei o que podem fazer comigo e ela está doente”, diz.
Ontem, o delegado da Polícia Civil de Ribas do Rio Pardo, Bruno Santacatharina Carvalho, afirmou que a prisão de Fabio foi legal e necessária para as investigações, fundamnetada em depoimentos.
“Elas [testemunhas] disseram que ele teria sido o autor de suposto homicídio. Não houve ilegalidade. Se estas testemunhas mentiram, vamos investigar a prática do crime de denunciação caluniosa”, afirmou.
Sobre o suposto crime, o delegado fez a seguinte explicação: “de fato, a vítima estava sumida, os familiares se deram conta do sumiço dela, estavam reclamando (...). A prisão temporária foi justamente para poder investigar”, disse.
O delegado de Ribas do Rio Pardo ainda encaminhou ao Correio do Estado um vídeo em que Fábio confessa a prática do homicídio. “O motivo pelo qual ele teria confessado a gente ainda não sabe”, disse o delegado.
Ainda segundo Santacatharina, Fábio Araújo dos Santos também confessou pertencer a uma facção criminosa. “Nos autos, quando a vítima apareceu, ela informou que estava ameaçada pelo comando”, revelou. A Polícia Civil agora trabalha na seguinte linha de investigação: “de que Fábio recebeu ordem para matar a vítima, não teve coragem, e aproveitou-se da mudança temporária da vítima, para espalhar ele mesmo que tinha matado, e ganhar moral com o pessoal do comando”, disse Bruno Santhacatarina.
Conforme o jovem, a versão do delegado é mentirosa. “São mais mentiras. Não imagino o que eles querem com isso”, disse.
A reportagem voltou a questionar a Polícia Civil, Ministério Público (MPMS) e o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul sobre o caso, mas até a publicação desta reportagem não houve retorno.