‘Temos que fazer com que o Enem cobre conhecimentos úteis’, diz Bolsonaro sobre questão

Presidente eleito criticou questão sobre cultura LGBT


Por Midiamax

O candidato Jair Bolsonaro (PSL) diz que não há clima de já ganhou e pede fiscalização de seus eleitores – Fernando Frazão/Agência Brasil (Foto: Reprodução/Fernando Frazão/Agência Brasil)

O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) falou nesta segunda-feira (5) sobre a questão do Enem que teve como base trecho de reportagem do Jornal Midiamax sobre cultura LGBT. Bolsonaro desqualificou a questão: “Temos que fazer com que o Enem cobre conhecimentos úteis”.

Em entrevista a programa da Band, o presidente eleito afirmou que a questão cobrada no Enem não mediria conhecimento dos candidatos a uma vaga no Ensino Superior.

“Uma questão de prova que entra na dialética, na linguagem secreta de travesti, não tem nada a ver, não mede conhecimento nenhum. A não ser obrigar para que no futuro a garotada se interesse mais por esse assunto. Temos que fazer com que o Enem cobre conhecimentos úteis”, disse.

Questão

A reportagem explica, por exemplo, que o pajubá utiliza elementos (principalmente, mas não só) do idioma iorubá – que não tem uma flexão de gênero, como no português (‘o menino’ e ‘a menina’). Ao mesmo tempo, os dogmas do candomblé admitem a flexibilização entre masculino e feminino, algo que na tradição cristã é impensável.

“Assim, não foi à toa que os terreiros de candomblé tenham se tornado uma espécie de ‘espaço de existência’ de gays e travestis daquele tempo, meados do Século XX, onde essas pessoas podiam viver suas identidades sem represálias. Foi nos terreiros, portanto, que a assimilação do iorubá para uma linguagem cifrada teve início”, traz a reportagem.

Para o professor e gestor cultural Caciano Lima, que fez a prova por uma experiência pessoal, é importante que o Enem proporcione a interação dos temas clássicos, como língua portuguesa, com outras matérias, como antropologia e sociologia, como foi a proposta da questão.

“Cada ser humano vive em um grupo social e neles, acredito, se reconhecem. As línguas partem da nossa cultura e características do meio em que vivemos. Muitos se reconheceram e sentiram o pertencimento social quando se deparam na prova com um assunto como esse”, destaca.


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