'Prejuízo social e econômico' evitou prisão de Reinaldo Azambuja

Grupo investigado pela PF lucrou R$ 67,7 milhões com propinas; para delegado


Por Correio do Estado

Os empresários, políticos e pecuaristas ligados à cúpula da administração Reinaldo Azambuja (PSDB) lucraram R$ 67.791.309,00 com o esquema de pagamento de propina e lavagem de dinheiro por meio de notas frias. O prejuízo aos cofres públicos, chega a R$ 209.750.000,00 informou a Polícia Federal, no pedido das prisões que fundamentaram a Operação Vostok, desencadeada hoje. O filho de Reinaldo Azambuja, Rodrigo de Souza e Silva, é um dos presos temporariamente. O governador de Mato Grosso do Sul, só não teve sua prisão solicitada, por causa dos “prejuízos sociais e econômicos” que o Estado poderia sofrer.

“Por ora, mesmo em face de vasto material probatório em desfavor do governador Reinaldo Azambuja, deixo de representar pela sua prisão temporária em vitude dos prejuízos sociais e econômicos que a prisão do Governador do Estado poderia causar à sociedade sul-mato-grossense. Em que pese a importância de sua prisão nos mesmos termos apresentados anteriormente em relação aos demais investigados”, afirmou a autoridade policial no pedido de prisão temporária dos envolvidos (confira lista ao fim do texto) ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). 

Rodrigo de Souza Silva, conforme a Polícia Federal, era conhecido nas investigações com a alcunha (apelido) de “Príncipe”. Foi ele quem fez a transição do esquema de pagamento de propinas por meio de benefícios fiscais ao grupo JBS, do esquema do então governador André Puccinelli (atualmente preso no Centro de Triagem de Campo Grande) para a atual gestão, de seu pai. 

O filho de Azambuja é considerado um dos operadores do esquema, juntamente com o pecuarista Ivanildo da Costa Miranda, João Roberto Baird, Antônio Celso Cortez e José Ricardo Guitti (o Polaco). 

A Polícia Federal ainda encontrou indícios robustos de participação no esquema dos pecuaristas Élvio Rodrigues, Francisco Carlos Freire de Oliveira, Ivanildo da Cunha Miranda (também operador do esquema), José Roberto Teixeira (deputado estadual pelo DEM), Márcio Campos Monteiro (ex-deputado federal, ex-secretário de Fazenda e conselheiro do Tribunal de Contas de MS), Miltro Rodrigues Pereira, Nelson Cintra Ribeiro (ex-prefeito de Porto Murtinho e ex-presidente da Fundação de Turismo na gestão Azambuja), Osvane Aparecido Ramos, Rubens Massahiro Matsuda e Zelito Alves Ribeiro. 

Operação Vostok

As investigações tiveram início neste ano, e tiveram como ponto de partida delação de empresários do grupo JBS. A ação envolve 220 policiais federais que cumprem 220 mandados de busca e apreensão, 14 de mandados de prisão temporária em Campo Grande, Aquidauana, Dourados, Maracaju, Guia Lopes da Laguna e na cidade de Trairão (PA). Os mandados foram expedidos pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). 

O inquérito da PF apontou que até 30% dos créditos tributários (incentivos fiscais ao grupo JBS) eram revertidos em proveito do grupo, que os policiais federais chamam de “organização criminosa”. A Operação da Polícia Federal foi denominada “Vostok”, o mesmo de uma estação de pesquisa da Rússia na Antártida e, segundo a PF, tão fria quanto as notas utilizadas para lavar a propina da JBS. 

As propinas foram pagas por meio de doação eleitoral para a campanha de 2015, e também em espécie, nas cidades de São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ), em 2015.

Os pedidos de prisão temporária foram em desfavor de: 

- Rodrigo de Souza e Silva (filho de Reinaldo Azambuja, governador de MS)
- Ivanildo da Cunha Miranda
- João Roberto Baird
- José Ricardo Guitti Guimaro (o Polaco)
- Antonio Celso Cortez
- Elvio Rodrigues
- Francisco Carlos Freire de Oliveira
- José Roberto Teixeira (deputado Zé Teixeira)
- Marcio Campos Monteiro (conselheiro do Tribunal de Contas de MS)
- Miltro Rodrigues Pereira
- Nelson Cintra Ribeiro (ex-prefeito de Porto Murtinho)
- Osvane Aparecido Ramos 
- Rubens Massahiro Matsuda
- Zelito Alves Ribeiro


COMENTÁRIOS