Defesa de advogada presa por aplicar golpe diz que ela foi enganada


Por G1

Foto: Allysson Maruyama/TV Morena

A defesa da advogada Emmanuelle Alves Ferreira da Silva, que está presa desde a última segunda-feira, dia 30 de julho, em Campo Grande, acusada de aplicar um golpe milionário em um aposentado do Rio de Janeiro, insiste na tese de que ela foi enganada pelos homens que teriam contratado os serviços dela para entrar com o processo na Justiça.

“O gerente do banco foi induzido ao erro, porque esse mesmo documento que foi apresentado para a Emmanuelle foi apresentado para o banco. Esse mesmo documento que foi apresentado para ela foi apresentado no cartório, e o cartório tem o dever legal de conferir a autenticidade do documento. O cartório também foi enganado”, afirmou o advogado Wilson Tavares de Lima, que adiantou ainda que já entrou com pedido de habeas corpus no Tribunal de Justiça.

Segundo depoimento de três pessoas presas na semana retrasada tentando transferir dinheiro de um banco com o uso de documentos falsos, Emmanuelle criou uma pessoa fictícia como sendo credora do aposentado na venda de uma fazenda.

Ela, então, entrou com um processo de execução em Campo Grande e conseguiu a liberação de cerca de R$ 5 milhões, depositado em uma conta do escritório dela.

A vítima procurou a polícia que alertou a Justiça sobre documentos falsos usados no processo: uma confissão de dívida e notas promissórias. Ela responde inquérito por estelionato e formação de quadrilha.

Posição do juiz do caso

O juiz Paulo Afonso de Oliveira, que foi quem deu ganhou de causa ao grupo que aplicou o golpe, afirma ter sido enganado e que a defesa da vítima perdeu prazos para recorrer. O magistrado também alega que só foi comunicado sobre os documentos falsos utilizados pela quadrilha depois que já tinha dado a decisão de liberar mais de R$ 5 milhões aos suspeitos.

Documentos que fazem parte do processo mostram que o juiz teve informações sobre indícios de fraudes.

O magistrado assinou a decisão no dia dezenove de junho. Mais de um mês antes, no dia 11 de maio, ele recebeu um comunicado do Tribunal de Justiça, informando sobre a suspeita de fraude em documentos e determinando a suspensão do processo.

Depois, o próprio TJ revogou a suspensão e deu seguimento ao processo. Só então, o juiz Paulo Afonso de Oliveira mandou liberar o dinheiro: "Esse processo passou pelo crivo do Tribunal de Justiça onde foi decidido que não haveria efeito suspensivo, que o processo poderia seguir", afirma.

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) abriu uma investigação para apurar a conduta do juiz Paulo Afonso de Oliveira. O processo está na Corregedoria do órgão e corre em segredo de Justiça. Ainda não há prazo para o julgamento.


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