PCC ‘batiza’ agentes penitenciários de MS, revela investigação paulista

De acordo com interceptações telefônicas, um agente penitenciário da Capital obedeceria ordens da facção


Por Fernanda Müller, do Midiamax

Foto: Dalmo Curcio/ FolhaPress

O ‘batismo’ é uma cerimônia, feita às vezes em conferência telefônica, na qual o criminoso afirma que aceita as regras da facção, respondendo um questionário. Ao ser aprovado, entra para o chamado Livro Branco, onde estão ‘irmãos’ do crime.

“Estou Batizando dois agentes”

Em outra ligação, no dia 15 de novembro de 2017, Laudemir Costa dos Santos, o Dentinho, 39, que cumpre pena no presídio de Segurança Máxima de Campo Grande, teria ligado para um homem, o qual chama de ‘padrinho’ e dito: “Eu já estou batizando dois agentes penitenciários. Eles vão trazer o ‘Sub Zero’ aqui pra mim, pra eu conversar com ele.

Segundo Dentinho, outro integrante do PCC, identificado como Sub Zero, passou por cima do ‘brecamento’, que significa suspensão. Sub Zero Embora tivesse sido suspenso pela facção, voltou a comprar drogas.  Primeiro, ele tentou comprar 1 grama de cocaína dizendo a Dentinho que estava com um problema de saúde e foi para a enfermagem da cadeia. Na enfermagem conseguiu fazer uma compra de R$ 150 da droga.

Segundo o relatório da investigação, obtido pelo site UOL, Dentinho comanda o setor responsável por cadastrar e coordenar integrantes do PCC nos estados e no país, além dos que estão em situação de inadimplência ou dívida com a facção criminosa. E por isso iria mandar os agentes penitenciários ‘batizados’ levarem Sub Zero até ele.

A Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) do Mato Grosso do Sul afirmou que iria verificar as informações. “Informamos que até o momento a Agepen não foi comunicada sobre o inquérito pela Polícia Civil de São Paulo, mas a referida denúncia será encaminhada à Gerência de Inteligência do Sistema Penitenciário para as devidas apurações, e se necessário, à Corregedoria Geral da instituição”.

Ao Jornal Midiamax o presidente do Sinsap-MS (Sindicato dos Servidores da Administração Penitenciária de Mato Grosso do Sul), André Luiz Garcia Santiago, disse que até o momento o sindicato não possui o conhecimento dessa denúncia e que aguarda ser comunicado oficialmente pelas autoridades paulistanas. “ Se realmente houver servidores sul mato grossenses se aliciando ao PCC, o sindicato espera que esses agentes sejam prontamente investigados, exonerados e punidos criminalmente”, frisou.

À polícia Dentinho disse que não faz parte do PCC. Ele explicou que apenas convive com pessoas vinculadas à facção, de modo que nada entende sobre nomes, expressões, cargos ou terminologias relacionadas ao crime organizado.

Advogado do PCC fazia concurso para agente penitenciário para ajudar facção

Dois outros integrantes da facção foram apontados em uma interceptação telefônica de 7 de novembro de 2017, discutindo por que uma advogado, identificado como Thiago, integrante do crime organizado, foi barrado durante a investigação social do concurso de agente penitenciário sob a desconfiança de que ele entraria na instituição para ajudar o ‘comando’.

Os criminosos teriam sugerido, por conta disso,  fazer um protesto em frente ao fórum e presídios, com 150 camisetas e apoio de militantes dos direitos humanos.


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