Presidente do TRE-MS é citada pelo Gaeco por venda de sentença

Conversas foram flagradas em celular de PM cigarreiro preso, diz Globo


Por RAFAEL RIBEIRO, Do Correio do Estado

Tânia Borges, depois de tentar salvar filho, vê seu nome envolvido em novo escândalo - Foto: Gerson Oliveira/Correio do Estado

A presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul, Tânia Borges, cotada para a presidência do Tribunal de Justiça do Estado ainda neste ano, foi citada por tráfico de influência e tentativa de venda de sentença pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Estadual durante investigação sobre a Máfia dos Cigarreiros, informou a edição da noite desta quarta-feira (25) do 'Jornal Nacional', da TV Globo.

A participação de Tânia será investigado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), Corregedoria do Tribunal de Justiça e pelo próprio CNJ, já avisados do caso.

Segundo a emissora, Tânia aparece em mensagens com o tenente-coronel da Polícia Militar Admilson Cristaldo Barbosa supostamente negociando algum tipo de influência em julgamento de amigo do advogado Dênis Peixoto Ferrão Filho por corrupção.

Barbosa é um dos PMs presos em operação que prendeu integrantes da corporação acusados de envolvimento com quadrilha de contrabandistas de cigarro e outros objetos. Ferrão, chefe do departamento jurídico do Tribunal de Contas do Estado, é denunciado por lavagem de dinheiro.

Tânia é investigada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) por usar da função para tentar favorecimento ao filho, Breno Borges, preso por tráfico de drogas.

De acordo com a denúncia da 'TV Globo', os promotores descobriram a troca de mensagens entre as partes justamente após apreenderem o celular do PM durante a operação conjunta do Gaeco com a Corregedoria que resultou na sua prisão. Em algumas das mensagens, ele chega a se referir à Tânia como "amor".

No dia do julgamento, segundo a 'Globo', que foi adiado inicialmente porque um dos desembargadores pediu vistas do processo, Barbosa e Ferrão acompanharam a votação em tempo real. O advogado teria se queixado do voto de um dos magistrados e, com o símbolo de um cifrão, representante comum a dinheiro, ele respondeu que "tudo se resume a isso meu amigo, ela avisou,. Diz para arranjar pelo menos a metade."

As imagens da conversa, através de um aplicativo de celular, foram exibidas pelo 'Jornal Nacional'. Em outra delas, Tânia supostamente diz a Barbosa que "novo adiamento (do julgamento) serviria para dar tempo de arranjar o do coleguinha." Seria uma referência a pagamento de quantia em dinheiro.

O advogado de Tânia, André Borges, negou ao Correio do Estado as acusações mostradas pela 'Globo'. "A desembargadora nega esses fatos com veemência, nada tendo a ver com eles, dispondo-se a prestar contas de suas condutas imediatamente perante as autoridades competentes, inclusive entregando o celular para perícia. Trata-se de absurdo completo, ainda mais porque diz respeito, mais uma vez, a lamentável e criminoso vazamento de assunto sigiloso", disse.


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