Polícia investiga se traficante paraguaio foi executado a mando do PCC

'Milionário do WhatsApp' levou 17 tiros em academia


Por Correio do Estado

Foto tirada por Villalba na noite de sua execução,s egundo a polícia paraguaia - Foto: Reprodução

O apelido, 'Milionário do WhatsApp', e os relógios e acessórios de ouro puro que sempre ostentava nas fotos não tornavam Felipe Díaz Villalba, 36 anos, um dos traficantes paraguaios de Pedro Juan Caballero, na fronteira com Ponta Porã, um dos personagens mais discretos da violência que abate a região neste ano. Na noite de segunda-feira (12), o quase folclórico personagem foi executado com ao menos 17 tiros de pistola calibre 9 milímetros enquanto fazia exercícios físicos em uma academia na cidade do país vizinho, na mesma rua onde morava.

Autoridades paraguaias têm certeza que a morte de Villalba tem envolvimento com o Primeiro Comando da Capital (PCC). Só investigam qual a motivação. Ou seja, se a mando ou não da facção brasileira.

A investigação inicial do caso enfrentou dificuldades por um ato quase que banal: os familiares do traficante invadiram sua casa e levaram tudo, desde bens de luxo que tinha até celulares. O que pode ser visto como um crime de furto tem outra mensagem à polícia, uma queima de provas para impedir o avanço da apuração da história.

Segundo o relato de testemunhas, Villalba corria na esteira da academia quando dois homens em uma moto chegaram ao local já com armas em punhos e começaram a atirar sem tirar os capacetes, impedindo a identificação. Fugiram na sequência, em rumo ignorado pelos presentes.

IMPACTO

Nos relatórios da Polícia Federal presente na fronteira, Villalba era apontado como amigo dos membros do PCC em Pedro Juan Caballero. Sua especialização era vender armas e maconha, que trazia de cidades paraguaias mais distantes para a base da quadrilha brasileira em Ponta Porã e outras cidades sul-mato-grossenses da fronteira seca.

Não foram raras as conversas grampeadas por telefone de 'Milionário' com Elton Leonel Rumich da Silva, o Galã, preso no final de fevereiro, no Rio de Janeiro, e antigo 'sintonia' (chefe geral) do PCC no Paraguai.

A ostentação de Villalba levou ele e o irmão, Fabio, a serem presos em novembro pela polícia paraguaia, enquanto transportavam armas de grosso calibre e US$ 9,6 mil (cerca de R$ 33,6 mil) em dinheiro.Acabou liberado neste ano pela justiça local para responder o processo em liberdade.

Portal Correio do Estado apurou junto a policiais federais e membros do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo que existe a possibilidade da execução de Villalba ter sido ordenada pelo novo chefão do PCC na fronteira, Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho. As motivações seriam, além da proximidade com Galã, que não é bem visto pela atual gerência do crime, sua exibição exagerada na internet e a ligação com policiais paraguaios. Pela liberdade, 'Milionário' teria aceitado a condição de informante.

Conforme o Portal Correio do Estado revelou, desde a aparição de Fuminho, no início de março, a fronteira se tornou instável. São pelo menos oito assassinatos , incluindo o de um vereador paraguaio e o mais emblemático de todos, o do investigador da Polícia Civil Wescley Dias Vasconcelos, 37, no dia 6, em Ponta Porã, que apesar das evidências, ainda não teve seu vínculoc om o PCC oficializado pelas autoridades do Estado.


COMENTÁRIOS