Novembro Azul: 'Homens são culturalmente mais displicentes com a própria saúde', aponta médico do HCAA


Por Midiamax

Por Guilherme Cavalcante

Assim como o mês de outubro é dedicado à prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama em mulheres, na campanha ‘Outubro Rosa’, o mês de novembro também está de forma semelhante voltado para à saúde dos homens. Na campanha ‘Novembro Azul’, o foco é a prevenção e diagnóstico precoce do câncer de próstata, a modalidade mais frequente em homens no Brasil, depois do câncer de pele. Somente em 2017, a estimativa é de que mais de 61 mil novos casos da doença ocorram no Brasil – só em Mato Grosso do Sul, esperam-se mais de 1100 novas ocorrências, índice que traz preocupação. Isso porque os homens são culturalmente mais displicentes com a própria saúde. E em sendo o câncer de próstata uma doença silenciosa, o adiamento dos exames preventivos podem resultar na demora do diagnóstico e, consequentemente, na diminuição dos índices de sucesso na terapia, podendo levar os pacientes até à óbito.

Em Campo Grande, o Hospital do Câncer Alfredo Abrão (HCAA) realizará, durante todo o mês de novembro, exames gratuitos (PSA sanguíneo) para a detecção do câncer de próstata, em parceria com a AFIP, voltado para homens de 50 a 75 anos. Para explicar a campanha, o Jornal Midiamax conversou com o médico urologista Dr. Henrique Rodrigues Coelho, chefe do Serviço de Urologia do HCAA. Na entrevista, Coelho destacou a importância do diagnóstico precoce e também comentou sobre os aspectos culturais que afastam o homem da sintonia com a própria saúde. Confira.

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JORNAL MIDIAMAX – No que consiste a campanha ‘Novembro Azul’ desempenhada pelo Hospital do Câncer Alfredo Abrão (HCAA)?

Dr. Henrique Rodrigues Coelho – Quero antes lembrar que o ‘Novembro Azul’, embora tenha surgido no contexto da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de próstata, atualmente também se dedica a incentivar os cuidados da saúde masculina, por exemplo, em relação a doenças como diabetes e hipertensão. Mas, no HCAA, nosso objetivo é a detecção precoce do câncer de próstata. Vamos proporcionar isso com a disponibilização de exames gratuitos, a partir deste dia 6 até o dia 30, para homens dos 50 a 75 anos. Nossa expectativa é distribuir 100 senhas de atendimento, disponibilizadas a partir das 6h da manhã.

É preciso fazer agendamento?

Não é necessário. Basta comparecer já em jejum, a partir das 6h, e retirar a senha para efetuar gratuitamente o exame sanguíneo PSA (Antígeno Prostático Específico), que identifica no sangue a quantidade de proteína produzida pela próstata. É necessário jejum de 8h. A partir daí, com o resultado do exame, os casos suspeitos serão investigados. Esses exames serão avaliados pela equipe de urologistas do hospital e caso haja alguma alteração, o paciente é chamado para os exames de diagnóstico, como o ultrassom e biopsia de próstata. São exames indolores e em caso de diagnóstico positivo, todo o tratamento é realizado no próprio HCAA. A campanha vai até dia 30 deste mês.

Quais as chances de cura do câncer de próstata e qual a importância do diagnóstico precoce?

Quando o paciente tem diagnostico na fase precoce, a chance de cura gira em torno de 90, diferente quando se chega ao diagnóstico de forma tardia, quando a chance de cura fica muito reduzida. Esse é um grande problema, porque o câncer de próstata é uma doença silenciosa. Para externar algum sintoma, como obstrução urinária ou dor, a doença precisa estar numa fase mais avançada.

Os homens costumam ser displicentes com a própria saúde. Existe um fator cultural que afasta os homens desses diagnósticos precoces?

Sem dúvidas. A campanha ‘Novembro Azul’ quer chamar atenção para os exames preventivos justamente porque os homens, de maneira geral, não fazem exames preventivos nenhum, nem sequer um hemograma. E em se tratando dos exames que identificam o câncer de próstata, existe esse bloqueio, esse medo do toque retal. Porém, esse exame é importante, porque ele proporciona ao médico averiguar a saúde da próstata. É um exame simples, rápido e completamente indolor, dura menos de 5 segundos e não deixa qualquer sequela.

O senhor tem notado mudanças depois que a campanha surgiu?

Sim. Somente ano passado fizemos mais de 2 mil atendimentos, então acreditamos que essa resistência tem diminuído. A gente notou esse comprometimento ano passado. Quando começamos a divulgação, achávamos que teriam poucos atendimentos, mas a procura foi muito boa e superam até o número dos exames que foram feitos nas mulheres durante o ‘Outubro Rosa’ [no HCAA]. A gente faz atendimento individual, explica a necessidade do diagnóstico precoce e depois dessa conscientização é muito raro um homem que não quer se submeter ao exame.


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