Vereador grava prefeito oferecendo dinheiro em suposto ‘mensalinho’ da base

Prefeito nega acusação e diz que criou história para ‘adversário político’


Por Midiamax

O município de Ivinhema, distante 297 km da Capital, foi palco de uma denúncia que mexeu com a política local. Um vereador, da oposição, acusou o prefeito da cidade de lhe oferecer dinheiro em troca de apoio, como já fazia com os membros de sua base aliada. O acusado rebate o adversário e diz que apenas criou uma ‘história’, já desconfiando que estava sendo gravado clandestinamente.

As gravações teriam sido feitas em agosto, pelo vereador Juliano Ferro (PR), contra o prefeito Eder Uilson França, o Tuta (PSDB), mas tornadas públicas apenas no final de setembro. O MPE-MS (Ministério Público Estadual) já instaurou um procedimento para averiguar o caso.

“A gente sabe as maracutaias, mas ninguém nunca escancarou”, disparou Juliano ao Jornal Midiamax. Ele contou que estava na presidência interina da Câmara quando teria sido cobrado a fazer a devolução de dinheiro do duodécimo, aproximadamente R$ 50 mil por mês.

“Ele (prefeito) foi vindo de devagarzinho e fui me passando por corrupto, fui conversando para abrir o jogo. Ai ele me falou que tinha voltar R$ 50 mil, R$ 25 mil para mim, seria tudo meu, que os R$ 25 (mil) dele ele tinha compromisso com a base dele, R$ 2 mil para cada um e ficaria com R$ 15 (mil)”, detalha.

Foram pelo menos três conversas gravadas, com mais de três horas duração, todas dentro da Prefeitura, e o próprio vereador revela que o prefeito já desconfiava que estava sendo gravado, tanto que ao cobrar do prefeito sua parte, ele não esperava receber o dinheiro, cerca de R$ 15 mil, que foram deixados em uma lata de lixo em frente ao seu comércio em Ivinhema.

“Não tenho conhecimento de quem deixou (o dinheiro). Veio R$ 15 mil. Eu nem acreditei que eles ia deixar esse dinheiro, em uma das gravação ele diz: ’é fiquei sabendo que parece que você me gravou, rapaz, não sei o que’, mas no dia seguinte fui olhar e tava lá (o dinheiro)”, revela Juliano.

Além de entregar as gravações ao MPE, o vereador afirmou também que vai cobrar a instalação de uma comissão da Câmara para investigar os colegas que teriam recebido ‘mesada’ do prefeito.

Encenação

Do mesmo modo que o denunciante diz que se ‘passou por corrupto’, o denunciado alega que também encenou nas conversas com o vereador, e que inclusive criou a história do repasse de R$ 2 mil aos vereadores da base.

“Ele começou a me chantagear para poder levar alguma vantagem”, acusa Tuta. De acordo com o Chefe do Executivo de Ivinhema, que já desconfiava que estava sendo gravado, o vereador lhe procurou pedindo dinheiro para quitar dívidas de campanha. “segundo meus advogados meu único erro foi ter dado corda pra ele”, emendou.

Tuta afirma que o dinheiro recebido como devolução do duodécimo da Câmara vai permitir a compra de seis veículos, cuja licitação já estaria marcada para acontecer nos próximos dias, sendo quatro carros para saúde, um para educação e outro para tributação.

O prefeito destaca que já protocolou uma queixa crime contra Juliano, a quem acusa de ter mudado a versão sobre a entrega do suposto suborno. “Na Câmara ele disse que eu entreguei, depois no outro dia mudou a versão. Ele tem que provar, quem deu R$ 25 mil? De que lugar saiu? Quem pegou? Quem entregou?”, disse Tuta, que já pediu que o Ministério Público solicite as imagens das câmeras de segurança da loja de Juliano e de residências próximas, para identificar quem teria deixado R$ 15 mil em uma lata de lixo.

“Ninguém nunca pegou dinheiro, até porque a gente não é infantil. Até disse para ele que em breve a cidade vai saber quem é o cidadão Juliano Barros Donato, o passado dele o condena”, finaliza o prefeito Tuta, que afirma já ter disponibilizado à Justiça a quebra de seu sigilo fiscal e telefônico.


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