Aos 2 meses e com 1 kg, bebê Yago é a fortaleza do pai que ficou viúvo

Ele foi mantido na barriga da mãe com morte cerebral


Midiamax

Foto: Clayton Neves

Palavras não são suficiente para definir o que foi o dia 31 de março na vida de Eduardo de Noronha, de 25 anos. Como ele mesmo diz, “não tem como explicar” o sentimento dúbio de dar boas vindas ao sonhado e planejado filho e ao mesmo tempo, ver partir aquela que foi o amor e a parceira de uma vida. O bebê está prestes a completar 2 meses e é ele, segundo Eduardo, a sua fortaleza.

Foi no último dia de março que Yago veio ao mundo, mas também o dia em que a mãe, Renata Souza Rocha, 22, morreu oficialmente. Diagnosticada com morte cerebral no dia 30 de janeiro, após sofrer um AVC (Acidente Vascular Cerebral), os aparelhos da jovem foram mantidos ligados para sustentar a gestação. No Brasil foram registrados somente outros dois casos semelhantes, um em Campo Largo, Paraná, e o outro em Colatina, Espírito Santo.

Depois de perder a esposa e ver findados parte dos projetos sonhados junto a ela, Eduardo afirma que é de Yago que vem a força para continuar tocando a vida. Aliás, embora ainda frágil e pequenino, força é o termo mais apropriado para definir o bebê, que segundo o pai se parece com Renata. “Eu tenho buscado forças nele, ver ele bem me dá alegria e vontade de continuar vivendo. Meu filho é um guerreiro, um vitorioso por ter passado por tudo o que passou e ter ficado bem”, relata o pai.

Dedicação exclusiva

Eduardo explica que hoje sua rotina é totalmente voltada ao filho e divide-se em visitas diárias ao hospital onde ele segue internado. Nesta quinta-feira quando chegamos a Santa Casa, fomos informados de que era dia de festa para o pai e para a equipe médica que acompanha o pequeno. Com um sorriso no rosto o médico informava em tom de comemoração. “Hoje ele chegou a 1 quilo”,disse.

Walter Peres, o médico que acompanhou Yago desde o parto explica que ele está com 1 kg e medindo 37,5 centímetros. Na última terça-feira (16) ele foi desentubado e por sonda, recebe dieta completa com tudo o que precisa para crescer forte e saudável. Diuréticos são usados para que o pulmão do forte guerreiro funcione como deve ser e ele recebe oxigênio por meio de aparelhos.

Mesmo com aparência sensível e muito delicada, Yago segue bem e com quadro clínico estável, porém, não é possível precisar quando terá alta médica. “Não é possível estipular uma data porque para ter alta ele precisa pesar pelo menos 2 kg, estar mamando sem sonda e respirando sem ajuda de aparelhos, mas estamos animados porque ele evoluiu muito bem. A história do Yago é emocionante”, explica Walter.

Até que a alta venha, Eduardo conta que aguarda ansioso pelo dia em que poderá sair do hospital com o filho nos braços. Planos ele não faz. Diz que desde que a esposa partiu, prefere viver um dia após o outro, sendo cada um deles uma vitória. “Não planejo nada, deixei de fazer isso quando perdi minha esposa porque costumava planejar a vida com ela, agora só penso em sair daqui com meu filho no colo”, finaliza.


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