Galaxy S8 e S8+ vendidos pela Samsung no Brasil são os mais caros do mundo

Preços do smartphone, lançado nesta sexta-feira (12), são até 40% maiores do que média mundial, segundo levantamento do G1 nas lojas online da Samsung.



Bixby reconhece comandos de voz do usuários e pode anotar recados... (Foto: Divulgação/Samsung)

A Samsung vende no Brasil os smartphones Galaxy S8 e S8+ mais caros do mundo, segundo levantamento realizado pelo G1 nas lojas online da sul-coreana pelo mundo afora. Os novos celulares, que a empresa começa a disponibilizar nesta sexta-feira (10), custam R$ 4 mil e R$ 4,4 mil, respectivamente. Os valores são 40% acima da média mundial cobrada para o S8 e 38% superior à média do S8+.

 

O G1 pesquisou os preços dos smartphones nas lojas online da Samsung nos 26 países em que a fabricante já comercializa os novo celulares ou que já tenha aberto pré-venda. No total, a Samsung lista 73 lojas online que atendem 140 países.

 

Os aparelhos foram lançados pela Samsung em março deste ano para renovar a linha Galaxy S, em um momento em que a empresa sul-coreana passa por uma turbulência em duas frentes. Por um lado, tenta se recuperar da crise provocada pela suspensão da produção do Galaxy Note 7 –alguns modelos superaqueciam e até explodiam. Apesar de arranhar a imagem da marca, essa polêmica não afetou tão profundamente os resultados financeiros da empresa. Por outro lado, a empresa teve seu corpo executivo desfalcado no começo, quando Lee Jae-yong, vice-presidente e herdeiro, foi indiciado por corrução em um esquema que destituiu a presidente sul-coreana do cargo e a levou à cadeia.

 

Assistente pessoal

Fora isso, os smartphones S8 e S8+ possuem design requintado e novidades de software que são um marco na família de aparelhos. Na aparência, são destaques as bordas curvas (que dão o aspecto de “tela infinita”; o botão “iniciar” ter virado sensível ao toque e a tela espichada. No software, chamam a atenção a chegada da assistente pessoal Bixby, rival de Siri (Apple), Cortana (Microsoft), Alexa (Amazon) e Assistente Google (Google), os efeitos de reconhecimento facial da câmera e o gerador de GIFs a partir de vídeos.

 

Só que adquirir tudo isso no Brasil custa 75% mais do que nos Estados Unidos, caso o modelo escolhido seja o S8, e 69% mais do que no Canadá, caso opte-se pelo S8+. Os dois países são aqueles em que a Samsung aplica o menor preço de venda.

 

Segundo especialistas consultados pelo G1, os preços dos novos S8 e S8+ são reflexo das condições de produção no Brasil.

 

Meio salgado

“É meio salgado, meio alto o preço, mas realmente tem muita questão tributária, questão fiscal, tem bastante tipo de imposto, vai ter ICMS, imposto de importação. E também o que acarreta o custo um pouco elevado é ter que cumprir os requisitos de produção local”, explica Leonardo Munin, analista da IDC, consultoria de tecnologia. Para usufruir de alguns benefícios fiscais no Brasil, os fabricantes têm de incluir no produto alguns componentes feitos nacionalmente. “Imagina quanto não deve custar comprar um carregador na China e quanto é para comprar de uma empresa no Brasil.”

 

Igor Teixeira, gerente de telecomunicações da GfK, que analisa tendências de mercado, concorda, mas adiciona à equação os custos logísticos. “O Brasil realmente tem um mercado ainda muito protecionista. E o consumidor é quem perde porque paga mais caro com a desculpa de que se está gerando emprego na indústria, o que não é verdade porque é muito reduzido e o varejo tem menos força do que poderia ter.”

 

Concorrentes

Maior fabricante de smartphones do mundo, a Samsung não é exceção em termos de preços altos. Tradicionalmente, a Apple vende no Brasil os iPads e iPhones mais caros do mundo –recentemente, no entanto, uma pesquisa mostrou que o Brasil perdeu momentaneamente a liderança em iPhones para a Turquia.

 

Ainda assim, o iPhone 7, que chegou ao país em novembro do ano passado, tem preço inicial de R$ 3,5 mil e o 7 Plus, de R$ 4,1 mil. Também há no mercado outros smartphones na faixa de preço do S8. O LG G6 começou a ser vendido em abril a partir de R$ 4 mil.

 

Smartphone x PC

Os altos preços, segundo os especialistas, ocorrem porque os celulares ofuscam os computadores em capacidade (da memória RAM aos processadores) e funções (das câmeras potentes aos serviços de mensagem rápida). Com isso, quem poderia gastar com PCs e notebooks, reserva o dinheiro para os smartphones. "O celular ter virado um computador de bolso, o principal dispositivo para se conectar à internet e se comunicar com as pessoas, por todas essas questões é que acredito que o preço chegou nesse patamar”, diz o analista da IDC.

 

E do outro lado tem o consumidor. "Ele está aceitando pagar um pouquinho mais caro", diz Munin. "Até para mim, como analista, olhar o que eu via no mercado em 2012 e o que eu vejo, que eu não vou dizer que é surreal, mas eu jamais esperaria que teríamos produtos de R$ 3 mil, R$ 4 mil, e que eles ainda seriam vendidos.”

 

Os números das duas consultorias consultadas pelo G1 mostram que a faixa dos celulares acima dos R$ 3 mil cresce no Brasil. Segundo a IDC, por exemplo, dos 43,5 milhões de aparelhos vendidos em 2016, 5% custavam acima desse valor. “No imaginário do consumidor fica aquela história: ‘Será que tem alguém comprando?’. Sim, e essa fatia cresce", afirma Teixeira, acrescentando que exemplo disso é que a Apple vende mais iPhone 7 do que iPhone 6 no Brasil.

 

Os analistas dizem ainda que o preço dos Galaxy S8 e S8+ devem cair. "É esperado que esse preço seja readequado em breve", diz Teixeira.

 

Munin diz ainda que o status de ter um celular caro ajuda nas vendas, ainda que o desejo fique longe da realidade, já que o gasto médio por aparelho em 2016 foi de R$ 1.050. "O cara quase não usa o notebook, jogou o tablet para escanteio e o principal meio para acessar a internet e se comunicar é o smartphone."


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