Mosca que se alimenta de sangue bovino resiste à inseticidas

Pesquisa apontou que a cipermetrina se tornou ineficiente no combate a essa praga


Correio do Estado

Animais próximos a áreas de despejo de resíduos da cana-de-açúcar são os mais prejudicados - Foto: Ouro Fino saúde animal

A mosca-dos-estábulos e também o carrapato representam um problema grave na pecuária de Mato Grosso do Sul e região. São fatores de prejuízos econômicos para os produtores rurais. Esse fato levou pesquisadores da Embrapa em Campo Grande a realizarem estudo que comprovou a ocorrência de resistência da mosca-dos-estábulos (Stomoxys calcitrans) à cipermetrina, inseticida do grupo dos piretroides. Produtos comerciais com este e outros acaricidas e inseticidas têm ampla ação e são utilizados em propriedades rurais no controle de ectoparasitos do gado, como a mosca-dos-chifres e carrapatos. A resistência foi detectada após a realização de experimentos em 2016 envolvendo populações de cinco municípios de Mato Grosso do Sul. Os pesquisadores advertem que produtos comerciais com o princípio ativo têm demonstrado eficácia reduzida em surtos do inseto.

“É de se esperar que ao longo dos anos ocorra a seleção de moscas resistentes, é uma seleção genética. A pesquisa confirmou que essa situação já é uma realidade complexa e de difícil reversão”, afirma Thadeu Barros, veterinário e entomologista da Embrapa, responsável pelo estudo de avaliação da suscetibilidade de adultos e larvas a inseticidas. A descoberta de Barros e do médico-veterinário Paulo Cançado traz implicações não apenas ao controle da mosca, mas a outros estudos que envolvem monitoramento de populações e métodos de controle químico e biológico. “Muda o foco do nosso trabalho e a busca por uma solução fica mais difícil, pois essa ferramenta de baixo custo [o uso da cipermetrina] poderia ser adaptada. Agora partiremos para uma solução, possivelmente, com custo e estratégias diferentes”, confirma Cançado.


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