Temer faz reunião após vazamento de delação

Interlocutores dizem que, apesar de "tranquilo", presidente está "indignado"


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Padilha e Temer em foto de arquivo / Beto Barata/PR

O presidente Michel Temer convocou, neste domingo (11), reunião com o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o secretário de Programa de Parceria e Investimentos (PPI), Moreira Franco, no Palácio do Jaburu, em Brasília. O encontro, que não estava previsto na agenda, foi marcado depois da divulgação do conteúdo da delação do ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho pela mídia.

O presidente Michel Temer retornou de São Paulo para Brasília nesta tarde.

O deputado Rogério Rosso, do PSD do Distrito Federal, disse que o encontro não foi para tratar da delação de executivos da Odebrecht, mas sim da PEC 55, que sugere congelamento de gastos públicos para os próximos 20 anos. Segundo Rosso, se trata de uma reunião dominical, assim como ocorre toda semana no Palácio do Jaburu.

Indignado

Interlocutores, porém, afirmaram que, apesar de "tranquilo", Temer se mostrou "indignado" com o vazamento da delação do ex-diretor de Cláudio Melo Filho. Além de ressaltar que o depoimento ainda precisa ser homologado, aliados do presidente destacam que o acordo pode ser invalidado. Interlocutores citam como exemplo a suspensão das negociações da delação do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, após vazamento na imprensa. 

O objetivo do governo é reagir a mais uma crise política mostrando "trabalho". Além de estudar novas medidas econômicas, o governo precisa garantir a votação da PEC do teto dos gastos no Senado, em segundo turno, e do Orçamento. Para isso, o presidente continuará investindo em conversas com a base aliada e, principalmente, com os tucanos, que devem ficar com o comando da Secretaria de Governo, apesar do imbróglio envolvendo a possível nomeação do deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA). O nome chegou a ser dado como certo, mas decisão foi suspensa após a pressão de parlamentares do chamado 'Centrão'. 

Alguns interlocutores, ponderam, que apesar de ter que prosseguir nas conversas, o foco é garantir o avanço das matérias. A nomeação "não precisa ser feita às pressas", dizem.

Delação

Veículos de comunicação noticiaram neste fim de semana que a delação de Melo Filho teria citado o presidente Temer, Padilha, o ex-ministro do Planejamento, senador Romero Jucá, e o ex-secretário de Governo, Geddel Vieira Lima como receptores de propina. Todos negam as acusações. De acordo com as reportagens, ao todo 51 políticos de 11 partidos teriam recebido propina da Odebrecht.

O encontro também se dá num período que antecede votações importantes no Congresso. Entre elas está a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55, que estabelece um teto de gastos públicos e está em discussão no plenário do Senado;  a reforma da previdência (PEC 247), que foi enviada ao Congresso na semana passada, e a aprovação do orçamento de 2017. A expectativa é que todos esses debates avancem no Congresso antes do recesso parlamentar, com início em 23 de dezembro.

Vazamento

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, declarou ontem (10) que solicitará abertura de investigação para apurar o vazamento para a imprensa de documento sigiloso relativo à delação premiada de Cláudio Melo Filho.

Em nota, na última sexta-feira (9), o Palácio Planalto repudiou as acusações de que o presidente Michel Temer teria solicitado valores ilícitos da empreiteira Odebrecht em meio à campanha à Presidência de 2014. “O presidente Michel Temer repudia com veemência as falsas acusações do senhor Cláudio Melo Filho. As doações feitas pela Construtora Odebrecht ao PMDB foram todas por transferência bancária e declaradas ao TSE [Tribinal Superior Eleitoral]. Não houve caixa 2, nem entrega em dinheiro a pedido do presidente”, diz a nota.

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