Economista dá dicas de como utilizar o 13º pagando dívidas e poupando


Midiamax

 O professor e economista Cid Isidoro Demarco Martins conversou com o Midiamax sobre a melhor forma de usar o 13º salário neste final de ano e deu dicas sobre a melhor forma de negociar as dívidas neste período do ano.

Midiamax: Qual a melhor forma de fazer o 13º render?

Cid Isidoro: A melhor dica é realizar um planejamento correto do seu dinheiro. Colocar no papel o que você tem a receber para que, em seguida, você possa direcionar para as contas a serem pagas.

A pessoa tem que se planejar com o que realmente vai receber, não com a promessa do recebimento, porque senão ela gasta sem ao menos ter o valor em mãos. Quando fizer o planejamento ver primeiro o que tem e que influência vai ter nas futuras despesas.

Uma dica é quanto ao uso do cartão de crédito. O consumidor deve usá-lo com cautela, pois os juros são muito altos. Sempre que for necessário utilizar o cartão, ele não deve pagar a fatura mínima, por exemplo, pois os juros são muito altos, chegando 15%.

O cartão deve ser usado com muito cuidado por esse motivo, senão vira uma bola de neve. Depois, nessa linha de endividamento, vem o cheque especial, ou seja, quanto mais o cliente tiver facilidade em conseguir crédito e se endividar, mais juros você paga.

Tem bancos trabalhando com taxas de 10% no cheque especial. O Banco do Brasil empresta, no Japão, à taxa de 1% ao ano e aqui empresta a 1,5% ao mês. Então é bem complicada esta situação, pois os juros são muito altos. Apesar de terem reduzido bastante as taxas, elas ainda estão muito elevadas no país.

O que é melhor, usar o 13º para quitar todas as dívidas ou renegociá-las e guardar o dinheiro para as dívidas do início de ano como IPTU, IPVA e matrículas?

O melhor é pagar as suas dívidas, mas o interessante e você colocar tudo no papel, por exemplo: em dezembro, o que eu vou receber em dezembro efetivamente? Muitas pessoas já comprometeram este ganho lá atrás. Os bancos antecipam o pagamento do valor e esta é a pior coisa a fazer, pois é uma taxa altíssima, em torno de 3% ao mês.

Por isso colocar no papel o que vai receber e o que tem a pagar para eliminar essas dívidas para aí sim fazer uma ceia de natal, se sobrar, pois logo em seguida você já terá essas outras contas de IPTU, matrícula escolar...

Começa o final do ano, as pessoas começam a gastar e não se preocupam com o mês seguinte. Se endividando no mês de dezembro o consumidor passa o ano todo mal. Então deve pensar: vou pagar e resolver as dívidas atuais, pois normalmente nesta época ele pensa em comprar presentes e isso não é o mais importante, além de aumentar ainda mais a dívida.

As empresas têm estratégias como diminuir o valor da parcela e aumentar o prazo de pagamento para que você imagine que este endividamento caiba no orçamento então, R$ 50 de uma dívida, mais R$ 100 de outra teoricamente não são tão pesadas, mas juntando com outras que estão no meio ou no final deixam as contas muito altas.

O consumidor deve pensar duas vezes na real necessidade da compra de um produto e se planejar muito bem antes de comprar, assim como as lojas fazem o planejamento para vender e fazer você pensar que qualquer dívida vai caber no seu orçamento.

Eles têm estratégia, aplicam e tem sucesso, são eficientes. O consumidor tem criar estratégias próprias para conseguir lidar com as compras a prazo.

Um erro também comum é não negociar a redução de juros no pagamento antecipado da parcela. Se você paga uma parcela que vai vencer no mês de junho, você deve exigir o desconto, pois os juros não deveriam ser cobrados.

Qual é a melhor forma de fazer a negociação de uma dívida?

Ter o dinheiro em mãos. Se a dívida está em R$ 1.500, por exemplo, e o consumidor percebe que terá dificuldades para continuar pagando ou possua um valor mesmo que menor que o total, chega até o credor e faça a proposta.

O credor vai ter interesse em receber, principalmente se as parcelas sofrem constantes atrasos para sem pagas.

As pessoas tratam o termo pechinchar como se fosse pejorativo, mas não. É o seu direito negociar o preço pelo qual vai pagar pelo produto.

O comerciante, quando vai comprar do fornecedor, também pede desconto, logo negocia. Então o consumidor deve sempre tentar negociar o produto e fazer uma pesquisa antes de adquiri-lo.

Outra dica é pagar a vista ao invés de usar o cartão de débito. Quando você utiliza o cartão, o comerciante paga em média 3% do valor da compra à operadora, logo, se você se propuser a pagar o valor em dinheiro, poderá pedir que esse valor seja incluído no desconto que a loja já iria lhe dar.

Exemplo: na compra de uma maleta o lojista lhe deu um desconto de 10%. Converse com ele para incluir o valor que a empresa teria que pagar pela utilização do cartão de débito no desconto, se propondo a pagar a vista e aumentando o valor do seu desconto.

A pessoa tem vergonha de pedir desconto e negociar. Você está com o dinheiro então tem o direito de pedir por esse desconto.

E no caso de quem não possui dívidas, o que fazer com o 13º? Aplicar, pagar contas do início de ano?

Aplicar é uma boa decisão. Se a pessoa não tem o costume de aplicar o dinheiro a mais que ganha, esta seria uma boa oportunidade para começar. Aplique o dinheiro pensando em compras futuras, por exemplo, pois caso a pessoa não possua o hábito de comprar a vista, com o dinheiro guardado ela passará a conseguir bons descontos em suas compras, provocando uma valorização de seu dinheiro.

É como diz a frase: quem tem dinheiro, faz dinheiro. Porque nas negociações ela ganhando mais. Um item que vale mil reais, com dinheiro você consegue compra por R$ 700, se quem pretende vender estiver endividado, ou precisando imediatamente do valor. Você deve procurar essas oportunidades quando consegue ter um dinheiro sobrando.

Quem possui muitas dívidas antigas e recentes, como deve ser a prioridade do pagamento?

Os bancos estão aceitando a renegociação de dívidas antigas para a base das novas taxas de juros, que estão menores. Então é possível você renegociar uma dívida antiga, com determinada taxa de juros, de uma nova forma. Desse jeito as prestações diminuirão e você poderá negociar outras dívidas com o dinheiro que sobrar.

Você pode também ir ao banco com taxa de juros inferior ao que o seu cobra e fazer a portabilidade da dívida. Porém é algo que o consumidor deve propor diretamente ao banco, pois eles não têm interesse que o consumidor renegocia suas dívidas antigas a juros menores.

A também professora de economia da Universidade Católica Dom Bosco e consultora – Gabriela Martins recomenda que o consumidor priorize os gastos.

Gabriela: É possível, por exemplo, ao invés de trocar de aparelho celular em curtos espaços de tempo, juntar o dinheiro das parcelas para realizar uma viagem.

A partir do momento em que estabelece seus objetivos é possível fazer uma economia e conseguir outros objetivos.

Pesquisando na internet é possível adquirir objetos e planejar viagens em épocas do ano, de forma muito mais em conta que o comum.

O negócio é se planejar a médio e longo prazo, pois as empresas te induzem a adquirir os itens em determinadas épocas, com maior ênfase, como no natal, por exemplo, porém, se você já sabe que nessa época você terá certos gastos então se planeje com antecedência, juntando dinheiro durante o restante do ano, que neste período não irá precisar se endividar.


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