Laguna Carapã “Barrichelo”, Mitos ou Verdades de uma Política Bairrista

Uma das vantagens de você amar a política e fugir da politicagem é olhar com mais isonomia e torcer pela prosperidade de Laguna Carapã e não se ater aos Atrasos Ideológicos


Laguna Informa
Foto: Google

Laguna não pode se render às velhas estruturas políticas para não se tornar um Barrichelo na sua história. Foto: Divulgação

Opinião 

No decorrer desta semana algumas questões me chamaram atenção, não relacionado diretamente ao jogo político que, como esperávamos, teve grandes rebuliços. Parece até orquestrado, uma semana a Administração atual se sobressai, mas noutra, sobretudo, nesta, a oposição contra-ataca e ganha algum terreno, segundo bastidores terrenão porque o Governo do Estado começou a se mover em torno de seus protegidos por aqui.

Mas o que me marcou mesmo, no decorrer destes dias, foi algumas “verdades” declaradas a respeito da política de Laguna Carapã. Ouvi dizer, por exemplo, que os políticos de Laguna são como corredores de Fórmula 1, no qual emocionante, quente e legal mesmo é só a largada porque depois o ritmo é determinado por quem está na frente, estão todos no “Pit Stop”, aguardando quem vai abrir o primeiro diretório, divulgar o primeiro plano de governo, o primeiro panfleto, o primeiro tudo, para que os demais se movimentem e saiam atrás.

Dizem também que a eleição de verdade, em Laguna Carapã, não precisa mais que dois meses porque o que determina a nossa política e quem vai bancar os postulantes, as “famílias pizzas” já se dividiram e que no final determinam em seus loteamentos os “campeões” do Grid Executivo e Legislativo, como no mais arcaico modelo político latifundiário.

Nas rodas de conversa, diz-se que alguns empresários lagunenses pouco compromisso tem com a nossa sociedade, que, em época de eleição bancam os que podem ganhar e tudo bem, se for necessário, contribuem para os dois lados, sabendo que de uma forma ou de outra, estarão no Pódio do poder, vendendo para quem ganhar. Mas o mais lamentável é ter que conviver com o terrorismo diário de que é proibido se manifestar em Laguna Carapã em época de eleição, ouço todos os dias mais de uma vez as declarações “cuidado com o que você fala perto de fulano ou ciclano” ou “aqui as coisas nunca mudam, se você não quiser sofrer retaliações...” ou o mais comum “em época de eleição em Laguna, é melhor ficar mudo”. De, já, mero espectador da corrida eleitoral, você corre o risco de ser excluído até mesmo dos boxes. Que terrível, não podemos chamar isso de Política, é politicagem das brabas.

Quero acreditar que tudo não passe de mitos propagados nas instituições, praças e rodas de conversa. Não sou Deus para julgar nada e nem ninguém para dizer, na minha humilde condição de escritor, se isso é certo ou errado, até porque o certo é o que o lagunense aceita e propaga como processo político. Porém, todas estas conjecturas em torno do que vem a ser a nossa política, me lembrou muito da condição de Rubinho Barrichelo que nunca foi alçado ao topo como grande esportista vencedor por ter sempre aceitado, inclusive ser tratado como sombra de muitos, fazer o jogo das grandes equipes.

No entanto, sua carreira é vitoriosíssima, desde sua estreia em 1993, disputou 326 Grandes Prêmios, venceu 11 vezes, quando a maioria dos pilotos passam suas carreiras apenas disputando corridas na F1, conquistou 68 pódios, 14 poles positions, foi vice-campeão em 2002 e 2004 pela Ferrari, onde pouquíssimos pilotos correram e se destacaram, ao lado de nada mais, nada menos que Schumacher. Porém é satirizado, comparado a tartaruga, associado ao atraso porque, ao contrário de Ayrton Senna, outro brasileiro vitorioso, o mais, inclusive, não ousou romper com as estruturas e fazer prevalecer a sua coragem e vontade de ser o melhor.

No campo da política, a verdadeira, genuína, concebida pelos gregos, o que deve se sobressair são as ideias, as propostas e quando aceitamos que premissas estabelecidas como as colocadas acima, nos tornamos como Barrichelo, estaremos aceitando um jogo político que não nos favorece porque não ganhamos nada com essas disputas de interesse, assim como quem ganhou com o trabalho de Rubinho foram apenas as grandes montadoras, as empresas de testes, enquanto ele ficava popularizado como um piloto medíocre que nunca ganha nada, apesar dos ótimos resultados da carreira.

Quer dizer que será nos usurpado ou pior nos usurparemos a nós mesmos, com toda esta redundância, de aproveitar o melhor da eleição que é escolher o destino de nossa cidade a partir de projetos e propostas que irão fazer diferença no desenvolvimento da nossa cidade, quem deve ganhar este Grande Prêmio é o povo, não as “famílias-pizzas”, os “empresários duas caras” ou a política bairrista. As pessoas não podem ser privadas de uma campanha de ideias, não podem ser cerceadas do direito à expressão para não ser demitidas porque o poder público detém suas forças de trabalho e não suas vidas e seus pensamentos.

Ao contrário, políticos inteligentes aproveitam talentos em seus quadros para que as soluções e bons projetos fluam daí para favorecer toda a comunidade. Essa política de tocaia não é salutar para ninguém, estamos condenados, por causa disso a ser uma cidade com o estigma de Barrichelo, devagar, incapaz dos grandes saltos de desenvolvimento tão necessários para gerar emprego e prosperidade para a coletividade e não só para alguns.

Laguna Carapã merece novidades na política, precisa de ideias progressistas e principalmente, necessita de uma política de projetos, no qual o potencial de um candidato seja definido pelo seu compromisso com a cidade e as soluções para os problemas locais. Todos precisamos de uma maneira ou de outra de apadrinhamento sadio, alguém tem que apostar em nós, mas para isso não precisamos vender nossa alma.


COMENTÁRIOS