Opinião

Certa feita, Monteiro Lobato, criou a história de Reinações de Narizinho, onde havia um ribeirão que passava pelos fundos do pomar era um dos encantos de Narizinho. Suas águas apressadinhas e mexeriqueiras, corriam por entre pedras negras de limo que Lúcia, a Narizinho, chamava de as "Tias Nastácias do rio". "Uma vez, depois de dar comida aos peixinhos, Lúcia sentiu os olhos pesados de sono. Deitou-se na grama com a boneca no braço e ficou seguindo as nuvens que passeavam pelo céu, formando ora castelos, ora camelos. E já ia dormindo, embalada pelo mexerico das águas, quando sentiu cócegas no rosto. Arregalou os olhos: um peixinho vestido de gente estava de pé, na ponta do seu nariz. Ela estava no Reino das Águas Claras.

Assim estão os dias pré-eleitorais de Laguna Carapã, aparentemente estamos nos tempos em que tudo está muito transparente, tranquilo, com algumas pedras no percurso, mas que parece que nada nos comove, politicamente, estamos à beira deste rio apressadinho, pois os dias se passam e, com leves mexericos, que no iludem a achar que teremos um processo muito tranquilo e favorável, como diz a péssima canção.

Ocorre, porém, que, na história de Lobato, Narizinho conhece o reino do Príncipe Escamado e se dá conta de que nem tudo era tão calmo assim, entra numa disputa com a Dona Carochinha, das histórias dos contos de fadas, porque a velha está procurando o Pequeno Polegar, que escapou de um de seus livros e chama D. Benta e Tia Nastácia de velhas corocas. Descobriu-se mais tarde que outros personagens estavam fugindo de seus livros por causa da menina do narizinho arrebitado.

Por aqui a boataria política corre solta, como a língua da boneca Emília, que em Reinações de Narizinho, começa a falar sem parar, depois que recebe uma pílula do Doutor Caramujo, liberando fatos e histórias dignas da Carochinha, porém revelam que nossas águas não estão tão tranquilas e claras como ousávamos imaginar.

Laguna é o Reino das Águas Turvas sob o domínio do Princípe Itamado, que, ao que parece está a cada dia mais turbulento. Tem muita gente de olho neste reino. Começamos a semana com a notícia de que um jovem Oliveira, desfrutando de uma conhecida competência de administrador, pois levantou um empreendimento da família, almeja o trono da municipalidade. No entanto, parece que, por uma decisão de que não aceitaria indicações de secretários acabou ficando isolado.

Como do livro da Carochinha, também são as histórias que correram sobre alguns outros personagens que ameaçam Itamado. Corre notícia que Espindola e Brandão estão rompidos e que há até a possibilidade de um Rocha sair como candidato em uma chapa. Outra possiblidade que está posto, neste Reino das Águas Turvas, é Brandão se bandear para o lado de últimos dissidentes da base do governo e sair, até mesmo, como candidato a vice.

Outras turbulências estão se formando para os próximos dias, além da provável fuga do vice-prefeito para longe do PT para um partido ainda indefinido, já que, para o partido do secretário do meio ambiente não vai dar, porque este tem se ligado a Lídio Lopes, PEN, que faz parte da base do governo do PSDB, no estado e há ainda, o fortalecimento do PSB com a possibilidade da super secretária do executivo se bandear para o lado deles. Tudo isso, também, pode render novas composições.

Na verdade, tem muita confusão acontecendo nos bastidores da política lagunense, assim como o Príncipe Escamado desejou casar-se com Narizinho, tem muita gente armando o casamento perfeito com Itamado, o príncipe do Reino das Águas Turvas, porém está difícil perceber por quais caminhos ou estratégias isso vai se dar.

Pelo jeito, nem mesmo o Doutor Caramujo, tão talentoso que remendava tudo e curava todas as doenças vai poder cuidar da dor de cabeça que isso tudo vai dar para o eleitor de Laguna que, intimamente, anseia por novos príncipes para governar a cidade, mas são os personagens da Carochinha é que insistem em querer voltar e viver as mesmas histórias emboloradas, que ilusoriamente, através do governo Itamar, pareciam ter escapado e que já não voltariam nunca mais.