Após morte de cantora, Civitox emite alerta sobre uso de ervas para emagrecer

Ela tomou 'chá de noz da Índia' e desenvolveu complicações


Midiamax

Foto: Clayton Neves

O Civitox-MS (Centro Integrado de Vigilância Toxicológica), órgão do governo do Estado, vai emitir nesta sexta-feira (5) nota alertando a população sobre os riscos do uso de ervas para emagrecer. O alerta vai ser divulgado cinco dias depois da morte da cantora gospel Ana Cláudia Alves, 38 anos, conhecida como Claudinha Félix. A cantora morreu no último dia 1º e a família acredita que possível causa da morte foi o uso de noz da Índia, semente popular entre as pessoas que procuram a perda de peso.

O toxicologista do Civitox, Alexandre Moretti de Lima, explica que a noz da índia é uma planta originária da Ásia e chega ao Brasil pelo Paraguai e Argentina. Ao ser ingerida, a substância provoca intensas diarreias, fazendo o paciente perder muito líquido, e assim, acreditar estar perdendo peso, porém, tudo não passa de engano. “A pessoa perde muito líquido e tem a falsa sensação de emagrecimento, só que o que acontece é a redução de água e não de gordura e ao perder água, também perde sais e outros elementos essenciais. O corpo acaba sentindo”, analisa.

Outro grande problema, segundo Alexandre, é a troca das ervas. Segundo ele, muitos clientes acabam adquirindo a noz da Índia, mas na verdade, levam para casa o chapéu de Napoleão, planta extremamente tóxica. “Existe uma grande confusão. Muitas pessoas compram um e levam outro, e o grande problema é que o chapéu de Napoleão ter efeitos cardiotóxicos e pode até levar a a arritmia cardíaca”, revela.

O toxicologista do Civitox lembra que a melhor maneira de emagrecer é cuidando da saúde a valorizando cada avanço. “Não existe fórmula mágica para emagrecer, isso está muito ligado a mudanças de hábito, dietas saudáveis e exercícios”, finaliza.

Venda indiscriminada

Mesmo não sendo indicada, a noz da índia pode ser facilmente encontrada em bancas de ervas da cidade e com o preço bem acessível. Em uma das bancas do Mercadão, a vendedora, que não quis se identificar, revela que o pacote com 12 sementes é vendido a R$ 20. E é um dos mais procurados por sua clientela. “A média de vendas é de seis pacotes por dias, mas já cheguei a vender até dez, isso fora as encomendas de até 20”, relata.

Na embalagem do produto, é possível ver o apelo comercial com frases prometendo a perda de peso. Uma inscrição em destaque apresenta a noz da Índia como sendo a "semente redutora de peso e obesidade" e "a melhor forma natural para recuperar a forma do corpo.

Ainda segundo a vendedora, deparar-se com fornecedores do produto pelos corredores do Mercadão não é algo tão incomum quanto deveria. “Os fornecedores veem até o mercadão e passam de barraca em barraca oferecendo, afinal, eles sabem da grande procura”, finaliza.

Caso Claudinha

A cantora gospel e estudante de psicologia Ana Cláudia Alves, de 38 anos, morreu no dia 1º de fevereiro vítima de complicações em decorrência do uso da noz da índia. A cantora teve uma parada cardiorrespiratória e não resistiu.

Marisangela Alvez, irmã de Claudinha, conta que a cantora usou a substancia por aproximadamente quatro meses, e, mesmo sendo aconselhada pela família a interromper o uso, Cláudia se dizia satisfeita com os resultados e prosseguiu. “Ela disse que ia muito ao banheiro e eu achei estranho, pedi para que ela parasse, mas não teve jeito. Depois que ela começou a passar mal e foi internada o médico disse que o que ela havia feito foi muito prejudicial”, lembra.

As primeiras complicações apareceram em agosto, e segundo a irmã, ao invés de emagrecer Claudia começou a te inchaços, seguidos de desmaios e constante mal-estar. Foi diagnosticada cirrose hepática e ela estava na fila do transplante de fígado. Nos últimos dias, a condição de saúde piorou, Cláudia foi internada e acabou falecendo.


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