O presidente nacional do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior, esteve em Campo Grande nessa semana, onde veio no intuito de formalizar parcerias com as associações comerciais de Mato Grosso do Sul. A frente de um dos maiores bancos de dados de pessoas físicas e jurídicas do Brasil, o economista falou sobre a atual conjuntura econômica, inadimplência e de como deve ser o cenário econômico dos próximos anos. A boa notícia é que, mesmo no vermelho, os consumidores podem ganhar fôlego se souberem se planejar.

Como o sul-mato-grossense e os demais brasileiros têm enfrentado a crise financeira no país?

Resposta: Vivendo uma crise econômica, mais complexa que uma crise financeira. É um momento em que o Brasil precisa tomar alguns remédios e estes remédios têm alguns efeitos colaterais. Deveríamos ter tomado decisões “remédios” há dois anos e meio ou três anos e não tomamos. Agora a situação está ai e temos que reestruturar isto.

O governo tinha um problema fiscal muito grande e terá que ajustá-lo, e isto gerou um abalo na coluna que sustentava a nossa economia, que é o emprego. Os empregos no Brasil começaram a cair e isto gera no consumidor uma incerteza muito grande em relação ao futuro.

Quando as pessoas estão com incerteza a primeira coisa que elas fazem é parar de comprar, e isto travou a demanda interna.O brasileiro hoje está comprando muito menos e usando muito menos o crédito. E isto associado a uma inflação alta, além de gerar uma queda nas vendas, gera um aumento de inadimplência, de modo geral no Brasil, o que compromete também a saúde financeira das empresas.

A instabilidade financeira colaborou para o fechamento de empresas?

Resposta: Tivemos nos primeiros seis meses do ano o maior crescimento de falência das empresas dos últimos anos no país. Este é um dado relevante que mostra a fragilidade que as empresas têm e que diante de qualquer turbulência as coisas podem se agravar.

Nós podemos ter um cenário como este não só até o final deste ano, mas em todo ano de 2016 ainda. Teremos que estar preparados para passar por este momento. Haverá dois tipos de empresas que vão conseguir se adaptar vão passar por isto e até conseguir ganhar dinheiro e aquelas que não vão conseguir se adaptar e poderão naufragar no meio desta tempestade.

Os consumidores do Estado e das outras regiões do país só voltarão a ter fôlego a partir de 2016?

Resposta: A expectativa é que sim. Devemos ter ainda uma inflação alta principalmente no primeiro semestre de 2016, acreditamos que poderemos controlar este processo inflacionário até o segundo semestre e em 2017 podemos estar preparados para voltar com o nível de crescimento do PIB.

Com a atual conjuntura econômica então os consumidores estão mais endividados?

Resposta: O nível de endividamento do brasileiro caiu, porque ele vem comprando menos a prazo desde outubro de 2014. Nós vemos a utilização do crédito livre diminuindo no Brasil, ou seja, as pessoas estão usando menos a compra a prazo. Então o endividamento vem caindo. Agora, como a inflação subiu, você fica com pouco dinheiro livre no bolso. Então as pessoas que tinham algum endividamento de médio ou longo prazo contraídos antes deste cenário estão com muita dificuldade de pagar, porque ele está ‘espremido’ demais e isto vem gerando um aumento na inadimplência.

Enquanto o cenário não muda, o que se deve fazer para manter as finanças equilibradas?

Resposta: O brasileiro não tem o hábito de trabalhar orçamento e o nosso ciclo financeiro é diferente dos usados nos países desenvolvidos. Os americanos e europeus trabalham, por exemplo, por um período de um ano. O brasileiro não se planeja. Às vezes quem ganha menos é muito mais rico que aquele que ganha mais, porque a relação orçamentária de um é diferente de outro, baseada no equilíbrio.

Por isto vemos pessoas que ganham muito com problemas com cartões estourados e nos bancos, pois não se equilibram. Então a dica é trabalhar o orçamento, nós temos um site o www.meubolsofeliz.com.br, que damos todas estas dicas para você montar o orçamento, mas é preciso guardar notas de tudo e fazer anotações para poder se organizar, é incrível como fazendo isto vemos o dinheiro sobrar.