Dólar renova máxima e vai a quase R$ 3,30 com tensão política e exterior


G1

O dólar fechou em forte alta nesta quinta-feira (19), perto de R$ 3,30, renovando a cotação máxima em quase 12 anos. A moeda seguiu a recuperação no exterior e refletiu novas preocupações com a crise local na base governista, agravada pelo novo ingrediente da saída de Cid Gomes do Ministério da Educação.

A moeda norte-americana avançou 2,56%, cotada a R$ 3,2965 na venda, maior valor desde abril de 2003. Mais cedo, o dólar atingiu R$ 3,30 na máxima do dia.

Em 2015, o dólar acumula alta de 23,9%, e avança 15% no mês de março. A alta foi acentuada depois que a presidente Dilma Rousseff negar que fará uma reforma ministerial. O mercado também reagiu ao tom de cautela adotado pelo Federal Reserve em seu comunicado de política monetária.

"O rali de moedas emergentes após a conclusão da reunião do Fed de ontem se provou pouco duradouro", escreveram analistas da Capital Economics em nota a clientes.

Nesta manhã, o euro chegou a cair quase 2% contra o dólar na sessão, após mostrar na véspera o maior avanço desde março de 2009. O movimento da sessão passada aconteceu após o Fed reduzir suas projeções de crescimento, inflação e juros, alimentando apostas de que os juros norte-americanos continuarão quase zerados até o segundo semestre.

No quadro interno, os atritos entre o governo e seus aliados no Congresso continuaram deixando investidores apreensivos, uma vez que podem dificultar ainda mais o ajuste fiscal.

Na véspera, Cid Gomes pediu demissão do cargo de ministro da Educação depois de uma sessão tumultuada na Câmara dos Deputados, para evitar que a já complicada relação do governo com a base aliada se tornasse ainda pior.

"O custo político de fazer o ajuste está cada vez mais alto e o mercado não gosta disso", disse à Reuters o superintendente de câmbio da corretora Intercam, Jaime Ferreira.


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