Candidato Delcídio do Amaral é entrevistado no Bom Dia MS


G1/MS

 de Mato Grosso do Sul, Delcídio do Amaral, foi entrevistado ao vivo, nesta quinta-feira (4), no Bom Dia MS pelo apresentador Ginez César.

A participação foi a quarta da rodada de entrevistas com os candidatos no telejornal. A ordem foi definida em sorteio. Veja a íntegra, em vídeo, da entrevista com o petista. Abaixo, leia a transcrição das perguntas e respostas.

Ginez César –  A coligação do senhor é a maior em número de partidos, são 12 no total, incluindo o PT. Se eleito, todos os partidos vão participar diretamente do seu governo?

Delcídio do Amaral – Ginez, é importante nessa condição dessas alianças ninguém pediu nada. Nós não discutimos governo. E o governo, principalmente aquelas áreas que são estratégicas, são áreas para gente de carreira, para gente que efetivamente tem condições de desenvolver um trabalho importante em prol do estado. É claro, lá na frente, nós vamos discutir com tranquilidade isso, agora se tiver que negociar alguma coisa, a prioridade é o seguinte: carreira e gente que tem a condição de desempenhar.

Ginez – Não houve pedido, mas o senhor pretende alocar espaço para todos os 11 coligados ao PT?

Delcídio – Nós vamos conversar com todos eles. Mas eu senti um desprendimento absoluto, porque todos eles têm uma identidade grande com o nosso projeto. Então isso é uma vantagem enorme e todos sabem que eu vim de áreas técnicas, áreas que primam pela tecnologia, pelo desenvolvimento, pela inovação, pela pesquisa, então eles entendem que eu vou fazer um governo técnico, agora evidentemente, sem descuidar do político, porque é muito importante a política como agente de transformação.

Ginez – A prioridade é o servidor de carreira?

Delcídio – Absolutamente. É o servidor, e mais, o servidor com o plano de cargos e salários compatível privilegiando a gestão, resultado, metas e, principalmente Ginez, planejamento absolutamente fundamental.

Ginez – Quais secretarias o senhor pretende negociar com os coligados?

Delcídio – Olha eu prefiro fazer o contrário, responder para você o seguinte: algumas são inegociáveis e são secretarias do governador - Planejamento, Casa Civil, Secretaria de Fazenda. Absolutamente importante dentro desse processo, Infraestrutura, Saúde e Educação, esses nós vamos “botar Pelé para jogar”, porque nós não podemos errar, ainda mais um governo tecnológico, mas um governo com viés social intenso.

Ginez – E nessas, o mérito pode ser mais político do que técnico?

Delcídio – Nessas? Não, não. Nós precisamos primeiro olhar. Nesse caso, meritocracia, histórico, porque nós não podemos errar e, ao mesmo tempo, um governo que prioriza a questão da agricultura familiar e a demarcação de terras indígenas, fundamental para o nosso estado, segurança jurídica.

Ginez – Candidato, caso o senhor seja eleito, mas o seu partido o PT não se mantenha na presidência, como será a relação com o senhor com o futuro presidente, do ponto de vista de cargos de trânsito, enfim?

Delcídio – Primeiro, acho que a presidenta Dilma tem todas as condições de ganhar essas eleições. Os resultados ontem nas pesquisas já demonstram.

Ginez – Caso não ganhe?

Delcídio – Caso não ganhe, eu conheço bem os outros candidatos. A Marina, por exemplo, ela foi minha parceira no Senado, oito anos eu sempre tive uma relação com ela muito franca, muito sincera, pró-ativa, porque nós convivemos oito anos no Senado, nós fomos da mesma bancada.

Ginez – Sem ver pesquisa, e o Aécio?

Delcídio – O Aécio também, sempre foi uma relação muito boa, até porque eu cultivo boas relações, eu sou um político de harmonia, de diálogo, então eu tenho, independentemente de qualquer coisa, claro que com a Dilma é muito melhor...

Ginez – Para o senhor, tanto faz quem ganhe?

Delcídio – Não, não digo isso, mas eu vou ter uma relação muito harmônica com todos, porque eles me conhecem bem, eles sabem a minha postura, o meu compromisso republicano com meu estado, com o país, vai dar tudo certo.

Ginez – Candidato, a gente já falou um pouquinho de mérito, de composição de secretarias. Vamos falar um pouquinho sobre funcionalismo. O senhor tem já levantado quantos servidores têm no estado hoje?

Delcídio – Já. Nós temos um time grande. Só para você ter uma ideia, um time grande não, um time importante, fundamental para o nosso estado. Nossa folha de pagamento hoje, quer dizer, o custeio nosso, contando com os aposentados, são R$ 5 bilhões, tanto número importante nós estamos aí girando em torno de 48, 50%, portanto abaixo dos 60%. Agora nós temos, acima de tudo, fortalecer alguns setores e aí eu vou citar especificamente segurança pública, nós precisamos de imediato aumentar o efetivo da Polícia Militar pelo menos em 1.500 pessoas, Polícia Civil em pelo menos 500 pessoas e o Corpo de Bombeiros a mesma coisa. E sem inventar moda, é pegar gente que está saindo da academia agora, gente concursada e gente e que está executando serviços administrativos. Esse é o desafio.

Ginez – Candidato, a última vez que seu partido governou o estado houve atraso de salários, os servidores tiveram que fazer empréstimos para poder receber. O funcionalismo corre esse risco candidato, caso o senhor seja eleito?

Delcídio – Isso é prioridade. Não pode, o salário tem que ser pago em dia, porque o servidor público, ele honra o nosso estado procurando prestar um bom serviço a nossa gente. No governo do PT, o governo do PT pegou uma situação difícil, o Zeca pegou várias folhas de salários atrasadas e fez um esforço enorme para pagar em dia. Quer dizer, isso é um legado que o Zeca deixou.

Ginez – Na saída, ele também se complicou financeiramente. O que houve?

Delcídio – Porque, sem dúvida nenhuma, conseguiu honrar aqueles compromissos, principalmente com o servidor público, e, evidentemente, depois do estado avançou, hoje é inegável as finanças do estado estão em uma situação muito mais equilibrada. Acho que cada governador, Ginez, teve um papel importante. O governador Pedro Pedrossian, um visionário, um camarada que enxergava lá na frente, engenheiro também. Depois o Zeca, com víeis social intenso, esse compromisso com servidor público. O governador André hoje, um homem muito cuidadoso com as finanças públicas.

Ginez – Na última pesquisa Ibope, o senhor apareceu com o maior índice de rejeição entre os candidatos ao governo, com 20%. A que o senhor atribui esse índice?

Delcídio – Na verdade, rejeição você tira, desde que você faça um trabalho com pesquisa 'quali', ouvindo as pessoas e...

Ginez – Mas por que a rejeição?

Delcídio – Acho que tem viés muito forte, a gente olha nas pesquisas, todo mundo sabe, há uma reação de determinados setores ao Partido dos Trabalhadores. Eu carrego essa rejeição em função do partido. Mas o PT mudou muito...

Ginez – O senhor acha que o partido pode estar atrapalhando a sua candidatura?

Delcídio – Não, não atrapalha. O PT tem um legado para Mato Grosso do Sul, tem um legado para o país, de inclusão social, de desenvolvimento social...

Ginez – Que peso negativo seria esse então?

Delcídio – É que, na verdade, cada sociedade, cada estado tem um determinado perfil e há, efetivamente, uma campanha intensa, pelo menos de alguns, não estou falando daqui, de alguns órgãos de comunicação que, sistematicamente, tem batido muito no Partido dos Trabalhadores. E não tem falado do legado, o que a gente avançou com o governo Lula os oito anos e os quatro anos da presidente Dilma.

Ginez – Falando em legado, vamos falar sobre saúde, candidato. O senhor sabe hoje, já fez o levantamento, de quantos leitos seriam necessários para atender o mínimo preconizado pelo Ministério da Saúde?

Delcídio – Pelo menos quatro mil e 600 leitos. E importante registrar: o nosso governo vai ter como prioridade saúde, mas uma saúde que vai focar o interior. Desconcentra Campo Grande. A partir do momento que desconcentrar Campo Grande, você cria melhores condições para atender a nossa gente aqui da capital. No interior, com mais especialidades...

Ginez – No interior, constrói mais hospitais?

Delcídio – Eu não tenho esse tipo de perfil. Eu vou aproveitar o que está aí. Ampliar, investir no que está feito.

Ginez – É o suficiente para aumentar tantos leitos?

Delcídio – É extremamente importante, é vital, é cumprir a Constituição com os 12%. Ao mesmo tempo, formar médicos, usar, por exemplo, a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul como instrumento, com autonomia, com orçamento, como instrumento para formar médicos para o interior...

Ginez – Mas formar médicos é a longo prazo, né?

Delcídio – Sem dúvida nenhuma.

Ginez – Uma faculdade leva cinco, seis anos.

Delcídio – Mas precisa ser feito.

Ginez – E de curto prazo?

Delcídio – E um programa como esse nós precisamos, efetivamente, priorizar, como também, com planejamento, precisamos formar profissionais compatíveis com perfil de investimento que se quer para Mato Grosso do Sul. Quer dizer, isso demora, você tem razão. Mas se for feito agora, daqui a pouco nós vamos gerar um estado que vai produzir emprego para quem vem de fora. Não tenho nada contra a quem vem de fora, mas temos que priorizar quem é daqui. E, voltando a essa questão, nós temos o 'Mais Médicos', que foi um programa muito polêmico, mas um programa fundamental. Eu que ando no estado muito, e conheço o estado bem, a gente vê os prefeitos, o que o 'Mais Médicos' tem produzido no dia a dia da população. Então nós temos que incentivar, até, efetivamente, e com razão você diz, você compensar, formando profissionais e dizendo assim: oh, o estado banca a tua escola, mas você vai para o interior, vai lá para Coronel Sapucaia, para Tacuru, para Sete Quedas, para Taquarussu, para tratar da saúde da nossa gente.

Ginez – Candidato, nós estamos com nove minutos e meio. O senhor tem esse tempo final para fazer as considerações finais.

Delcídio – Bom, primeiro agradecer a oportunidade, é um debate democrático. Dizer que eu estou na estrada, trabalhando, foram mais de 1 bilhão e 800 milhões de reais que eu consegui nesses 12 anos. Eu sou engenheiro, fui Ministro de Minas e Energia no governo Itamar Franco, fui presidente do Conselho da Vale, diretor da Petrobras, diretor de empresas do sistema Eletrobras, fui da Shell. Sou um cidadão do mundo, graças a Deus. E, com humildade, quero aproveitar para pedir seu voto. No dia 5 de outubro, vote 13, vote pela cidadania acima de tudo.

Ginez – Nosso tempo acabou, candidato. Eu agradeço muito a participação do senhor, obrigado, tenha um bom dia.


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